O lazer é
uma necessidade e uma manifestação humana
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O lazer sempre esteve presente na vida do ser humano. As
necessidades e os valores do lazer, no entanto, são alterados de acordo com
os contextos sociais e históricos.
Na
visão do sociólogo Nelson Carvalho Marcelino, (Lazer e Humanização.2a. ed.
Campinas. Papirus, 1995) estudioso do tema, existem, atualmente, duas
correntes antagônicas que orientam a vivência do lazer. A primeira corrente
enxerga o lazer como mercadoria, um entretenimento a ser consumido e que tem
como finalidade contribuir para que as pessoas suportem as frustrações e as
insatisfações crescentes geradas pelo tipo de vida que levam na sociedade. A
segunda corrente concebe o lazer como prática social, historicamente gerada e
que pode, na sua vivência, questionar os valores dominantes no nosso modelo
de sociedade. O lazer como mercadoria, proposto pela primeira corrente, é oferecido de maneira bastante sedutora pela mídia, pelas pessoas e por diversas instâncias sociais e nos induz ao modismo, à padronização, ao consumismo e, em muitos casos, à agressividade. Diversas atividades podem ser analisadas dentro dessa perspectiva, tais como: passeios, festas, saídas para compras, orgias, pichações, rachas e aventuras perigosas, vivenciadas de maneira individual ou grupal, que podem deixar marcas de vazio, insatisfação e, até mesmo, de medo, angústia, fracasso, vergonha e tristeza. Exemplos têm mostrado que esse tipo de lazer tem conduzido o ser humano ao individualismo, à violência e à barbárie. Para ilustrar esse modelo, citaríamos apenas duas tragédias, a primeira é o caso dos jovens de Brasília, que resolveram ?brincar? de queimar um índio que dormia num banco de ponto de ônibus; a segunda refere-se ao rapaz que adorava jogos de videogame e resolveu ir a um Shopping Center ?jogar? de matar pessoas. A sociedade precisa estar atenta a essas questões, pois, ganhamos em rigor, cientificidade e tecnologia, mas, por outro lado, perdemos em espontaneidade, simplicidade, solidariedade e humanização. Por isso, a questão da promoção da humanização continua a ser um dos desafios de homens e mulheres que podem edificar o seu contexto histórico, resgatando e apontando atitudes, comportamentos e valores comprometidos com uma sociedade mais digna e humana. É pensando nesse desafio, portanto, que o desenvolvimento de uma cultura do lazer consciente e crítica pode contribuir para questionar e superar valores já cristalizados, entre outros, a competição exacerbada, o individualismo, a prepotência e o cinismo. Por essas razões, defendemos o lazer apontado pela segunda corrente e que é concebido como uma dimensão humana, cujas características são: a alegria, a diversão, o respeito ao outro, a solidariedade, o prazer e a busca por uma qualidade de vida melhor. Pais, professores e instituições educacionais devem se preocupar em educar as crianças e os jovens para o lazer. É preciso, desde cedo, despertar para a beleza do brincar, ensinar a usufruir o divertimento das atividades lúdicas e a experenciar aventuras sem riscos e perigos. Quanto aos conteúdos, estes devem ser abrangentes e não considerar apenas o esporte e a recreação, mas outros tipos que são: o físico-desportivo, o artístico, o manual, o intelectual, o social e o turístico. Não podemos vivenciar qualquer atividade de lazer, mas optar por aquela que promova a convivencialidade, a inclusão, a humanização e que desenvolva intensamente todas as dimensões humanas, em todas as situações vividas. É imprescindível tornar prioritário, na nossa sociedade, que os seres humanos se eduquem para a vivência de um lazer crítico, lúdico, solidário e que possa, inclusive, influenciar as nossas relações interpessoais e possibilitar contatos sociais, convívio fraterno, criatividade e ludicidade, melhorando dessa forma a nossa existência humana. |
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
O lazer é uma necessidade e uma manifestação humana
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