domingo, 8 de setembro de 2013

KUNG FU

Kung Fu

Kung Fu é uma expressão antiga que, genericamente, no dialeto cantonês, significava "tempo e esforço desprendido numa atividade" ou "grau de perfeição alcançado em qualquer área de atuação", ou ainda "conhecimento profundo de um assunto". Na década de 70 essa expressão cantonesa, utilizada para caracterizar as artes marciais chinesas, ficou mundialmente conhecida através dos filmes de artes marciais. Entretanto, a expressão gramaticamente correta para designar arte marcial é Wushu, originária do mandarim (vale lembrar que, após 1945, Mao Tse Tung designou o mandarim como língua oficial chinesa).

Alguém poderia perguntar: "por que, então, foi escolhida a palavra 'Kung Fu', e não 'Kuoshu' ou 'Wushu', para representar a arte marcial?" Muito simples: os primeiros imigrantes chineses eram de Cantão, uma região ao sul da china e litorânea (como santos, por exemplo). O acesso ao mar, para estes imigrantes, era mais fácil que para outras regiões da China. Estas pessoas espalharam-se por todo o mundo: Europa, África , Oceania e Américas, para tentar ganhar a vida e ter melhores condições de sobrevivência do que as que possuíam em seu país de origem. Só eles mesmos compreendiam o idioma chinês, pois era um idioma complicado. Em sua vida diária, sempre reservavam um tempo de lazer, para treinar os movimentos e exercícios de lutas que aprenderam na China. Por outras vezes, eram perseguidos, por serem de origem oriental, e provocados para brigas. Com uma estrutura geralmente franzina, na maioria das vezes, ganhavam lutas com homens maiores do que eles.

Evidentemente, isso causava surpresa aos habitantes locais de qualquer país. Que técnica era essa que um homem tão pequenino podia derrotar, com facilidade, qualquer grandalhão? Na sua curiosidade, as pessoas indagavam os chineses como se chamava essa técnica, essa "coisa estranha" que eles dominavam tão bem. Aí começava a confusão de idiomas. Os chineses queriam explicar que, para saber tais movimentos, era necessário treinar muito, era preciso dedicar algumas horas por dia a essas técnicas, enfim, que era um trabalho árduo conseguir tal condição física para luta. Então, como não tinham o vocabulário suficiente para conversar, respondiam simplesmente "é Kung Fu" (o que significava: "trabalho intenso para ficar bom nisso, ou simplesmente saber fazer"). Por outro lado, as pessoas passaram a interpretar que aqueles chineses cantoneses, praticavam uma luta de nome Kung Fu. Portanto, foi graças àqueles primeiros imigrantes do sul da china que o nome Kung Fu se espalhou pelo mundo.

Este conteúdo foi acessado em 15/01/2010 do sítio: Federação de Kung Fu do Estado do Rio de JANEIRO-FKFERJ
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TAEKWONDO

Taekwondo

Taekwondo é o atual nome da Arte Marcial que vem mantendo sua existência independente e peculiar na Coréia por um espaço de mais de vinte mil anos. O propósito principal do Taekwondo é defender e atacar o inimigo como meio de defesa própria usando livremente as mãos.

Traduzindo literalmente do coreano:
  • TAE: significa saltar, voar, esmagar com os pés;
  • KWON: significa bater ou destruir com as mãos;
  • DO: significa o caminho, a arte, o método, a filosofia.
O Caminho dos pés e das mãos, TAEKWONDO. Grão Mestre Kun Mo Bang ainda sugere um outro significado, baseado na essência desta arte marcial: Taekwondo a arte que treina a mente através do corpo em busca da perfeição!

Todas as atividades do Taekwondo estão baseadas em táticas defensivas, pois este esporte nacional se desenrola como defesa própria contra o ataque inimigo. Cada movimento do Taekwondo é desenhado cientificamente com um propósito específico de desenvolver a crença de que o sucesso é possível a cada um. A constante repetição ensina a paciência e a resolução de transpor obstáculos. O tremendo poder mente/corpo desenvolve a autoconfiança para enfrentar qualquer adversário em qualquer lugar e qualquer situação. Nos tempos antigos, a vida social causava uma carência de forças físicas e agilidade corporal de toda gente.

Por isso quando chegava a velhice, às vezes, os corpos se faziam demasiados caducos. Pois o Taekwondo assegurava boa saúde, beleza física, agilidade e serenidade mental de quem o praticava.

Os exercícios do Taekwondo mantêm confiança em si mesmo, não só a força física, mas também a disciplina mental, porque são desenroladas técnicas superiores para defesa pessoal, usando seu corpo inteiro. Para o praticante de Taekwondo seu corpo inteiro é uma arma; é capaz de atacar e defender facilmente qualquer agressor com as mãos, punhos, cotovelos, joelhos, pés ou qualquer parte do seu corpo.

O mais importante é que este esporte nacional no solo, serve como uma arte marcial superior de defesa própria, sendo que oferece notavelmente bom sentido ao seu praticante, pois o que tem confiança e si mesmo se mostra extraordinariamente generoso com os outros, não teme a seu adversário de maneira nenhuma, porque não abusa jamais de sua força que tem, para atacar injustamente o outro, porque já obteve uma atitude mental de modéstia, através da prática do Taekwondo. Em conclusão, as virtudes de modéstia e generosidade estão fundamentalmente baseadas na confiança em si mesmo.

Tal confiança em si mesmo, física e mentalmente é benéfica à sua vida pessoal, à sua família e à sua vivência dentro da nação. A “forma” do Taekwondo compreende várias posturas, cada qual, tem uma característica peculiar, que está, estritamente relacionada com outras. A “Forma” consiste em umas vinte e quatro posturas interconectadas. Bloqueio, golpe, pontapés sob as formas mais freqüentes usadas no Taekwondo e todas estas se mantêm em obras precisamente com as mãos, pés, punhos, segundo as partes mais vitais do adversário a quem ataca e, portanto se toma postura lateral, postura de gato ou postura de cavalgada, entre muitas outras, segundo requer as circunstâncias.

Taekwondo tem dois estilos de competição. Competição de estilo livre em que se pode usar livremente as técnicas adquiridas no ataque ou defesa e a competição previamente regulamentada em que os competidores têm que respeitar o acordo já tomado para a prática ou demonstração. Os competidores têm que dominar o curso de competição previamente regrada e assim poderão apresentar-se nas competições de estilo livre.

O combate ensina a humildade, coragem, vigilância, espírito imbatível, faculdade de adaptação e autocontrole. As posições próprias ensinam a flexibilidade, equilíbrio e coordenação de movimentos, enquanto que os exercícios fundamentais ajudam a desenvolver a precisão e ensinam, princípios e objetivos.

O Taekwondo está composto de três elementos: Forma (POOMSAE), competição (KYORUGI) e Rompimento (KYOKPA). Taekwondo requer uma grandiosa concentração mental, coisa que nos permite produzir uma força quase incrível. Assim o Taekwondo oferece uma auto disciplina severa ao mesmo tempo que um espírito de cooperação e mútuo respeito. Para os adeptos dessa arte o Taekwondo representa mais que o mero uso físico de movimentos hábeis, implica também, um modo particular de vida e de disciplina auto-imposta, bem como um moral são e um ideal nobre. Os movimentos do Taekwondo conjugados com o espírito se transformam em belos movimentos, pois possuem velocidade, equilíbrio, flexibilidade e ritmo envolvendo destreza no emprego dos pés e das mãos para a rápida imobilização do oponente.

História do Taekwondo

Os primórdios das artes marciais podem traçar o passado da história do homem. Antes do início das primeiras civilizações, os seres humanos tiveram que aprender a usar suas mãos e pernas em defesa da própria sobrevivência. (Flávio S. Joo Bang)

Pode-se dizer que há mais de 3 milênios o povo coreano começava a praticar artes marciais. Ching Heung, o vigésimo quarto rei da Dinastia Silla, teria sido o primeiro monarca a treinar seu corpo de oficiais de elite no Hwa Rang Do, arte de combate livre. Aqueles jovens aristocratas guerreiros treinavam ferozmente sobre montanhas e gelados rios até a época da união da península coreana.

O Soo Bak, forma primitiva de Taekwondo, eventualmente ganhou fama durante as Dinastias de Silla e Koguryo por seus movimentos similares ao Taekyon e ao Jujitsu. Alguns historiadores acreditam que muitas formas de combate orientais, incluindo a concepção espiritual da arte, tenham se desenvolvido na Coréia segundo o Hwa Rang Do. Essas novas formas, chamadas de Soo Bak Gi, teriam sido apresentadas na China como Kwon Bup e no Japão como Karatê.

Durante a Dinastia Koryo ( 918 - 1392 ), vinte e cinco posturas estavam sendo desenvolvidos por mestres de Soo Bak Gi, movimentos esses similares ao Taekwondo moderno, pelo que se pode ver através de estátuas e gravuras antigas encontradas na Coréia. Após o fim da Dinastia Koryo, o Soo Bak Gi começou a declinar e continuou declinando até o final da Dinastia Yi.

Quando a Coréia sofreu o domínio japonês, ficou proibida a prática de suas artes marciais. Mesmo assim, Song Duk Ki e Han Il Dong, dedicados praticantes, conseguiram manter entre o povo coreano a tradição do Tae Do ou Taekyon durante esse negro período.

Em 1945, finalmente liberta, a Coréia pôde ver seus velhos mestres abrirem várias escolas sob os mais diversos nomes: Kong Soo Do, Soo Bak Do, Tang Soo Do e outros. O General Choi Hong Hi começou então a ensinar artes marciais para alguns militares e chegou a dar uma demonstração, em 1952, para o presidente coreano Rhee que, vivamente impressionado, ordenou a todos os seus soldados que treinassem o sistema.
Em 1955, os diversos estilos coreanos (Kwans de Taekyon) fundiram-se em um só que veio a ser chamado de Tae Soo Do e finalmente Taekwondo. 

Em 1966 o General Choi Hong Hi cria a International Taekwondo Federation, ITF. Em 1975 termina o desenvolvimento dos Hyongs (Poomsae, Tuls) da nova arte.

Em 25 de janeiro de 1971, é eleito para presidente da Korea Taekwondo Association, KTA, o Sr. Un Yong Kim. Devido a problemas internos, o General Choi, transfere a sede da ITF para Montreal, Canadá, em 1973. Foi criada então a The World Taekwondo Federation, WTF, com a finalidade de reorganizar a arte e buscar seu reconhecimento mundial. Assume a presidência da entidade, eleito por unanimidade, o Sr. Um Yong Kim. Ainda em 1973 acontece o primeiro campeonato mundial de Taekwondo, com a participação de 200 atletas e 22 países. Foi um passo decisivo para a divulgação mundo afora. O Taekwondo tomava o restante da Ásia em 1974, a Europa e Oriente Médio em 1976, e em 1978 já era disputado em Jogos Pan-americanos. Em 1979 chegava a África.

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KARATE-DO

Karate-Do

Entende-se como Karate-Do a prática complementar de formação cultural e desportiva baseada no desenvolvimento peculiar dos sistemas de defesa pessoal e evolução interior característicos de Okinawa em seus primórdios (século XVIII) e do Japão a partir do início do século XX.

Karate é uma palavra japonesa que significa "mãos vazias". É uma arte altamente científica, fazendo o mais eficaz uso de todas as partes do corpo para fins de auto-defesa. O maior objetivo do karate é a perfeição do caráter, através de árduo treinamento e rigorosa disciplina da mente e do corpo. O karate-ka (cultor de karate-do) utiliza como armas as mãos, os braços, as pernas, os pés, enfim, qualquer parte do corpo.

Além de ser um excelente meio de auto-defesa, o karate também é um meio ideal de exercício. Ele desenvolve a força, a velocidade, a coordenação motora,o condicionamento físico e é reconhecido também por seus valores terapêuticos.

O combate desarmado nasceu antes da história escrita, mas as origens mais remotas são obscuras, muitas vezes encobertas pelo folclore de uma variedade de culturas do mundo. Várias formas de combate desarmado eram praticadas na Índia, na China, em Formosa e em Okinawa, uma ilha ao sul do Japão. Em Okinawa, as lutas desarmadas foram desenvolvidas em segredo durante muito tempo, devido à influência dos fidalgos japoneses que conquistaram a ilha, proibindo os seus súditos de carregarem armas. Esta proibição de andarem armados obrigou muitas pessoas a praticar formas de combate sem armas, em segredo. O karate moderno nasceu na época em que o finado Mestre Gichin Funakoshi (1868-1957), então líder da Sociedade Okinawa de Artes Marciais, foi solicitado pelo Ministério da Educação do Japão, em maio de 1922 a conduzir apresentações de karate em Tóquio. A nova arte foi recebida entusiasticamente e foi introduzida em várias universidades, onde criou raízes e começou a florescer.

Devido ao fato do karate ter sido praticado secretamente no passado, um grande número de escolas e estilos (Ryus) foram desenvolvidos. Hoje existem inúmeras escolas no Japão, sendo as mais destacadas: Shotokan, Goju-Ryu, Shito-Ryu e Wado-Ryu, todas com ramificações pelo mundo afora.

O karate esportivo

Nos últimos anos, foram formuladas regras de combate simulado para se evitar ferimentos graves, com o propósito de introduzir o karate como um esporte competitivo. O karate de torneio é um jogo de reflexos que exige "timing", velocidade, técnica, estratégia, camaradagem e controle, onde prevalecem HONRA, LEALDADE e SENSO DE COMPROMISSO.

Durante os torneios, todos os golpes, embora fortemente focalizados, devem ser controlados precisamente antes do contato. Embora seja muito excitante de assistir, o torneio de karate é considerado, pela maioria dos mestres, como um degrau e não como o objetivo principal no desenvolvimento do karate-ka.

Nos anos 50, as universidades no Japão começaram a promover competições de karate. O primeiro Campeonato Mundial de Karate foi realizado em 1970 em Tóquio,Japão, com a participação de 33 países e, desde então, cada campeonato mundial tem sido promovido de dois em dois anos. Em 2002, o décimo sexto Campeonato Mundial realizado em Madri/Espanha teve a participação de 84 paises.

O karate tem se espalhado rapidamente, não apenas entre as gerações mais novas como um esporte para melhorar a força, mas tem se tornado um meio popular de exercício para homens e mulheres de meia-idade para manter a forma. Um número crescente de academias de karate tem aberto e mantido turmas para crianças.

Organização do Karate mundial

Devido a popularidade global do karate como esporte, a formação de uma federação internacional de karate tornou-se necessária. Em 1970, a União Mundial das Organizações de Karate (WUKO) foi criada. Desde então, todos os esforços têm sido feitos para incluir o karate nos Jogos Olímpicos – o maior símbolo das realizações do homem no campo desportivo. No dia 06 de junho de 1985, a WUKO foi oficialmente reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Em 1993, na Argélia, para adaptar-se às regras do Comitê Olímpico Internacional, a Federation Mondiale de Karate (FMK), também conhecida como World Karate Federation (WKF), absorveu a antiga WUKO, fato este que trouxe um desenvolvimento direcionado à promoção do karate mundial. No dia 18 de Março de 1999 o COI em sua 109o sessão (Seul) certificado do COI confirmou o reconhecimento em caráter definitivo da FMK/WKF, de acordo com o artigo 29 da carta Olímpica, como a federação mundial dirigente da modalidade karate.

Além da intenção de incluir o karate nos Jogos Olímpicos, o objetivo da WKF é de unificar todas as organizações que pratiquem karate, como esporte ou como uma arte tradicional, além de lutar também para promover ligações dentro de um espírito de amizade entre os karatecas do mundo. A WKF representa o karate mundial e coordena todas as atividades de karate ao redor do mundo, estabelece regras técnicas e operacionais, organiza e controla reuniões internacionais e toma as decisões sobre vários assuntos que possam surgir entre os membros.

Organização do Karate no Brasil
A prática do karatê para pessoas em cadeira de rodas
No Brasil a Entidade Nacional de Administração da modalidade karate é a Confederação Brasileira de Karate-CBK (representante de 26 Federações estaduais), que está filiada a WKF e vinculada ao Comitê Olímpico Brasileiro-COB certificado do COB, além de reconhecida através da Portaria no 551 do Ministério da Educação (10/11/1987), portaria do MEC como entidade de direção nacional da modalidade, com competência na área do desporto de sua própria denominação.

A prática do karatê para pessoas em cadeira de rodas

A questão pertinente a Educação Física Adaptada, tem atualmente sido motivo de muitas discussões desenvolvidas no meio acadêmico e científico, por profissionais da área em questão. Nesse sentido, observa-se a grande importância de procedimentos de pesquisa nessa população, dando subsídios para atuação dos profissionais da área.

Autores como DUARTE (1992), consideram que apenas recentemente, a Educação Física começou a se preocupar com a atividade física para pessoas com deficiência. Ele considera que o desenvolvimento do quadro qualitativo e quantitativo de pesquisas nessa área vai depender basicamente das iniciativas de pesquisas das Universidades.

Os problemas que envolvem deficientes estão presentes na sociedade desde os mais remotos tempos, SILVA (1987). A evolução no processo civilizatório da humanidade nos orienta como foi e tem sido a forma de tratamento atribuído a pessoa deficiente.

Os jogos organizados sobre cadeira de rodas forma conhecidos após a Segunda Guerra Mundial, onde esta tragédia na história da humanidade fez com que muito dos soldados que combateram nas frentes de batalha voltassem aos seus países com seqüelas permanentes. Porem este evento,proporcionou a pessoa com deficiência, melhores condições de vida, pois os deficientes pós-guerras eram heróis e tinham o respeito da população por isto, bem como uma preocupação governamental (GUTTMANN, 1981, ADMS E COL 1985; ALENCAR, 1986 CIDADES E FREITAS, 1999).

A partir das duas Guerras Mundiais, a necessidade das modernas sociedades em aumentar o rendimento com a diminuição do investimento, e sustentar elementos não produtivos, houve uma preocupação nas descobertas de métodos que visassem uma reintegração social do deficiente e, na medida do possível, torna-lo um fator de produção para a sociedade.

Surgiu então a atividade física, que tem demonstrado sua eficiência como um dos métodos a serem utilizados no arsenal terapêutico desta recuperação. Com o avanço científico moderno, o progresso dos conhecimentos o terreno da fisiologia do exercício, da psicologia, dos fatores biomecânicos, dos métodos de avaliação, da sociobiologia vieram despertar ainda mais, tais atividades. (ROSADAS, 1991),

Para ARAÚJO (1998) o desporto adaptado se propunha a minimizar as seqüelas nos soldados acometidos pelos traumatismos, em decorrência das guerras, mais especificamente em relação à Segunda Guerra Mundial, na década de 40. O objetivo da reabilitação dos soldados feridos em decorrência da guerra, naquele momento era prioridade do governo dos países envolvidos no conflito e também da classe científica, pois a expectativa e a qualidade de vida chamavam a atenção para a necessidade de estudos. Por outro lado, estes governos sentiam-se na obrigação de dar uma resposta à sociedade, no sentido de estar fazendo alguma coisa para minimizar as adversidades causadas pela guerra.

Os primeiros passos, neste sentido ocorreram em fevereiro de 1944, quando médico alemão, de origem judaica, exilado na Inglaterra, Sir Ludwig Guttmann, neurologista e neurocirurgião, foi convidado pelo governo britânico para fundar o centro de reabilitação para tratamento dos soldados lesionados medulares no Hospital de Stoke Mandeville, próximo à cidade de Aylesburg. Dr. Guttmann dedicou-se a esta atividade de 1943 a 1980. O primeiro programa de esporte em cadeira de rodas foi iniciado no Hospital de Stoke Mandeville em 1945, com o objetivo de trabalhar o tronco e os membros superiores e diminuir o tédio da vida hospitalar e prepara-los para o trabalho.

Em 1960, o Dr. Guttmann concretizou seu sonho, idealizado em 1948, de realizar um evento que tivesse o mesmo impacto de uma olimpíada. Realizado em Roma, o IX jogos de Stoke Mandiville, teve a presença de 400 participantes de 23 países, com apoio do Comitê Olímpico Italiano (COI), que passaram anos depois a se chamar “Paraolympics” (Olimpíadas para paraplégicos).

A introdução do esporte adaptado no Brasil se deu por meio de Del Grande com grupo que veio fazer jogos de exibições nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Um dos elementos que se chamava Jean Quellog sugeriu a Del Grande que fundasse um clube dos paraplégicos no Brasil. Ele despachou uma cadeira esportiva dos Estados Unidos e Balmer (um antigo fabricante de cadeira de rodas) fez as outras.

As modalidades esportivas para as pessoas com deficiências físicas são baseadas na classificação funcional e atualmente apresentam uma grande variedade de opções. As modalidades olímpicas são o arco e flecha, atletismo, basquetebol, bocha, ciclismo, equitação, futebol, halterofilismo, iatismo, natação, rugby, tênis de campo, tênis de mesa, tiro e voleibol (ABRADECAR, 2002).

A participação de pessoas com deficiência física em eventos competitivos no Brasil e no mundo vem sendo ampliada. Por serem um elemento ímpar no processo de reabilitação, as atividades físicas e esportivas, competitivas ou não devem ser orientadas e estimuladas, visando assim possibilitar ao portador de deficiência física, mesmo durante seu programa de reabilitação alcanças os benefícios que estas atividades podem oferecer, visando uma melhor qualidade de vida.

Dentro dos esportes adaptados apresentados, nota-se que há muito pouco espaço para as artes marciais, tornando-se necessário desenvolver ou adaptar artes marciais para esta população. De acordo com dados do Censo, 24,5 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a 14,5% da população e a prática de uma atividade física adaptada, proporciona á pessoa com deficiência física condições através da pratica do esporte, da recreação e do lazer uma melhor qualidade de vida.

Alguns autores como GUTTMAN (1976b), SEAMAN (1982), LIANZA (1985), SHERRILL (1986), ROSADAS (1989), SOUZA (1994), SCHUTZ (1994) e GIVE IT A GO (2001) ressaltam que o esporte adaptado traz inúmeros benefícios como melhoria e desenvolvimento de auto-estima, auto-valorização e auto-imagem; o estímulo à independência e autonomia; a socialização com outros grupos; a experiência com suas possibilidades, potencialidades e limitações; a vivência de situações de sucesso e superação de situações de frustração; a melhoria das condições organo-funcional (aparelhos circulatório, respiratório, digestivo, reprodutor e excretor); melhoria na força e resistência muscular global; a possibilidade de acesso à prática do esporte como lazer, reabilitação e competição; prevenção de deficiências secundárias entre outras

Em Paises como a Irlanda, Japão e Portugal, já existe a prática do Karatê para cadeirantes. No Brasil existem vários esportes para deficientes como arco e flecha, bocha, halterofilismo, hipismo, natação, tênis, dentre outros, porém não se tem registro do ensino teórico-prático do Karatê para esta população.

A partir de pesquisas incipientes, há registros que a prática do Karatê para pessoas portadoras de deficiência física temporária ou permanente pode ser viável, uma vez que já existe a prática do Karatê para essas pessoas, o Karatê em Cadeira de Rodas.

O Karatê em Cadeira de Rodas atua simultaneamente como autodefesa e como bom exercício, no desenvolvimento de capacidades, de reflexos e força, para pessoas deficientes. Para isso, adaptou-se um sistema similar aos métodos aplicados no Karatê Tradicional, para o Karatê em Cadeira de Rodas.

Os métodos utilizados no ensino do Karatê adaptado são os ideais para as pessoas que estão recuperando de doenças ou se encontram fisicamente fracas ou que por alguma razão estão incapacitadas de praticar essa modalidade. Deste modo podem praticar o Karatê em Cadeira de Rodas até que estejam aptos para voltar ao treino regular.

A ACMS (Colégio Americano de Medicina do Esporte) (1997), relata que um programa de atividades físicas para as pessoas com deficiência física devem observar a princípio se a adaptação dos esportes ou atividades mantendo os mesmos objetivos e vantagens da atividade e dos esportes convencionais, ou seja, aumentar a resistência cárdio-respiratória, a força, a resistência muscular, a flexibilidade, etc.

Um outro ponto a considerar na elaboração de atividades para as pessoas de necessidades educativas especiais, em destaque aqui o indivíduo com deficiência física, é a necessidade de adaptação dos materiais e equipamento, bem como a adaptação do local onde esta atividade será realizada.

O projeto de pesquisa torna-se importante por serem inexpressivos trabalhos a nível acadêmico sobre o assunto. A escolha de uma modalidade esportiva pode depender em grande parte das oportunidades que são oferecidas as pessoas com deficiência física, da sua condição sócio-econômica, das suas limitações e potencialidades, da suas preferências esportivas, facilidade nos meios de locomoção e transporte, de materiais e locais adequados, do estímulo e respaldo familiar, de profissionais preparados para atendê-los, dentre outros fatores.

Artigo na íntegra: www.efdeportes.com

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JUDÔ

História do Judô

foto de Jigoro Kano.Tudo começou em 1882, com Jigoro Kano.

O estilo de luta que hoje em dia denominamos como Judô foi idealizado no ano de 1882. Um jovem de 23 anos chamado Jigoro Kano fundava o Instituto Kodokan, que veio a se tornar a Meca dos ensinamentos sobre esta arte marcial.

Com milhares de praticantes e federações espalhados pelo mundo, o Judô se tornou um dos esportes mais praticados, representando um nicho de mercado fiel e bem definido. Não restringindo seus adeptos a homens com vigor físico, e estendendo seus ensinamentos para mulheres, crianças e idosos, o judô teve um aumento significativo no número de amantes desta nobre arte.

O Judô tem como filosofia integrar corpo e mente. Sua técnica utiliza os músculos e a velocidade de raciocínio para dominar o oponente. Palavras ditas por Mestre Kano para definir a luta: "arte em que se usa ao máximo a força física e espiritual". A vitória, ainda segundo seu mestre fundador, representa um fortalecimento espiritual. Nas academias, procura-se passar algo mais além da luta, do contato físico. Para tornar-se um bom lutador, antes de tudo, é preciso ser um grande ser humano.

Através de Eisei Maeda, por volta de 1922, o Judô surge no Brasil. O Conde de Koma, como também era conhecido, fez sua primeira apresentação no país em Porto Alegre. Partiu para as demonstrações pelos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, transferindo-se depois para o Pará, onde popularizou seus conhecimentos da nobre arte. Outros mestres também faziam exibições e aceitavam desafios em locais públicos. Mas foi um início difícil para um esporte que viria a se tornar tão difundido.

Um fator decisivo na escalada do Judô foi a chegada ao país de grupo de nipônicos em 1938. Tinham como líder o professor Riuzo Ogawa e fundaram a Academia Ogawa, com o objetivo de aprimorar a cultura física, moral e espiritual, através do esporte do quimono. Daí por diante disseminaram-se a cultura e os ensinamentos do Mestre Jigoro Kano e em 18/03/1969 era fundada a Confederação Brasileira de Judô, sendo reconhecida por decreto em 1972. Hoje em dia é ensinado em academias e clubes e reconhecido como um esporte saudável que não está relacionado à violência.

Esporte Olímpico de grande prestígio e muito disputado, tem no Brasil um "celeiro" de bons lutadores, fazendo o país ser reconhecido e admirado internacionalmente, inclusive no Japão. Por ser um esporte de triunfos nacionais, tem "sua marca" associada ao sucesso.

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TIPOS DE LUTAS - BOXE

Boxe

Um dos esportes mais antigos do mundo, remontando à época dos Jogos Pan-Helênicos (776 A.C.), as Olimpíadas realizadas quadrienalmente em Olímpia, Grécia.

Denominado em seus primórdios de pugilato, os seus lutadores usavam mãos envoltas em correias de couro e tinham os corpos inteiramente nus.

Os vencedores dos confrontos ganhavam uma coroa de oliveira selvagem e grande prestigio em toda Grécia antiga.

Com o declínio dos Jogos Pan-Helênicos, o pugilato viveu um período obscuro. Na Idade Média muito pouco se conhece, mas no final da Idade Moderna, o pugilato, agora já conhecido por boxe, era praticado pelos homens mais valentes das cidades européias e americanas que se digladiavam mostrando sua coragem, força e resistência física em troca de remuneração a qual poderia ser em moeda corrente ou mercadoria, esta última forma era a mais comum.

Não existia número máximo de rounds, os lutadores utilizavam mãos nuas e os combates eram desprovidos de quaisquer regras. A violência era a tônica e a vitória era dada àquele que resistia em pé enquanto seu adversário estava prostrado ao chão.

Entretanto o nobre inglês Marques de Queensbury, entusiasta do boxe resolveu dar-lhe determinadas regras tornando-o mais justo, equilibrado e menos violento. Esta é a razão do boxe ter a alcunha de Nobre Arte.

O uso de luvas, divisão de pesos, limitação de rounds, foram criados e então o boxe passou a ser considerado pelo mundo ocidental como um verdadeiro esporte. A primeira luta legalizada de boxe profissional ocorreu em 7 de fevereiro de 1882, nos Estados Unidos.

Em 1896, data dos primeiros Jogos Olímpicos do mundo moderno, o boxe foi incluído, tendo passado então a ser qualificado como Amador, surgindo assim o boxe amador, possuindo regras substancialmente diferentes daquelas do boxe profissional.

No Brasil, surgiu o interesse pelo boxe em 1918, quando alguns marinheiros franceses fizeram algumas exibições em São Paulo.

Estudiosos do boxe tem procurado ao longo dos anos inová-lo, tornando-o mais seguro para os seus praticantes, preservando a emoção que é peculiar tanto ao boxe amador quanto ao profissional.

Primeiros vestígios do boxe no Brasil

No início do sec. XX, a prática desportiva era quase totalmente desconhecida no Brasil. Os raros esportistas limitavam-se a membros das comunidades de emigrantes alemães e italianos, no Rio Grande do Sul e em Sao Paulo. Foi só com eles que foi introduzida, entre nós, a idéia de competição esportiva entre dois homens ou entre equipes, principalmente em modalidades como natação e canoagem.

Além dessa falta de tradição esportiva, outra característica desfavorecia a introdução do boxe no Brasil: no final do sec. XIX e início do XX, lutar era sempre associado a coisa de capoeiristas e, então, à marginalidade. Esse preconceito era especialmente forte entre os membros da elite dirigente do país.

As primeiras exibições de boxe em solo brasileiro ocorreram naquela época e só reforçaram esse preconceito: foram feitas por marinheiros europeus, que tinham aportado em Santos e no Rio de Janeiro, e naquela época os marinheiros eram recrutados das classes mais humildes.

Em 1913: a primeira lição

Em 1913, travou-se a mais antiga luta de boxe em território brasileiro que ficou documentada. Tratava-se apenas de uma luta de exibição - ou de desafio, não se tem certeza pois os testemunhos da época divergem nesse detalhe - em São Paulo, entre um pequeno ex-boxeador profissional que fazia parte de uma companhia de ópera francesa e o atleta Luis Sucupira, conhecido como o Apolo Brasileiro em razão de seu físico avantajado.

Embora surrado, o nosso Apolo reconheceu que a técnica pode superar a força e tornou-se um grande entusiasta do boxe e seu primeiro grande divulgador. Dado seu prestígio, era médico e filho de conceituada família, seu apoio em muito contribuiu para atenuar o preconceito que já mencionamos.

O boxe é divulgado e legalizado no Brasil

A propaganda de Sucupira entusiasmou alguns jovens que eram membros da tradicional Societá dei Canotiere Esperia, de São Paulo, os quais tentaram incluir o boxe entre as atividades dessa associação; esse esforço durou entre 1914 e 1915, e parece não ter frutificado.

A real divulgação iniciou apenas em 1919, com Goes Neto, um marinheiro carioca que havia feito várias viagens à Europa, onde havia aprendido a boxear. Naquele ano de 1919, Goes Neto retornara ao Brasil e resolveu fazer várias exibições no Rio de Janeiro. Com as mesmas, um sobrinho do Presidente da República, Rodrigues Alves, se apaixonou pela nobre arte. O apoio de Rodrigues Alves facilitou a difusão do boxe: começaram a surgir academias e logo esse esporte ganhou a áurea da "legalidade", de esporte regulamentado, com a criação das "comissões municipais de boxe" em São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. Isso tudo, entre 1920 e 1921.

Os primeiros treinadores competentes: início da década dos 20's

Até 1923, os treinadores eram improvisados. A situação só começou a melhorar quando Batista Bertagnolli estabeleceu-se, em 1923, como organizador de lutas no Clube Espéria, de São Paulo. Bertagnolli, que havia aprendido boxe na Europa, muito bem soube usar seus conhecimentos fazendo um controle de qualidade nas lutas realizadas todos os domingos naquele importante clube da Ponte Preta. O reconhecimento do público foi imediato, passando a lotar as dependências do Espéria.

Contudo, a primeira pessoa que hoje seria considerada um treinador foi Celestino Caversazio. A dívida do boxe brasileiro para com Carvesazio é imensa e, se tivermos que apontar sua principal contribuição, diríamos que foi ser professor dos primeiros treinadores importantes do Brasil: os irmãos Jofre, Atílio Lofredo, Chico Sangiovani, etc.

Ainda em 1923, no Rio de Janeiro, foi criada a primeira academia de boxe no Brasil: era o Brasil Boxing Club que muito difundiu o boxe entre os cariocas.

Em 1924: a tragédia Ditão e consequências

Entre 1908 e 1915, o boxeador negro Jack Johnson deteve o cinturão de campeão mundial dos pesados e muito humilhou os brancos que o desafiaram. Uma consequência disso foi os dirigentes americanos proibirem os cinemas de passarem fitas ou noticiários com lutas de boxe. Em 1915, Jess Wilard derrotou Johnson e assim passou o cinturão para a raça branca. A partir daí e, principalmente, a partir de 1919, quando Jack Dempsey - outro branco - derrotou Wilard e passou a fazer defesas de título com públicos de dezenas de milhares de pagantes, os filmes de boxe foram liberados novamente.

Logo esses filmes chegaram nos cinemas brasileiros e despertaram em nossos jovens e empresários do boxe uma imensa ganância. Todos ficaram sonhando com o fácil enriquecimento através do boxe. Jovens que nunca haviam feito nenhuma luta, saiam do interior do país e iam para São Paulo ou Rio de Janeiro com vistas a se tornarem profissionais do boxe.

Foi então que, no final do ano de 1922, Benedito dos Santos "Ditão" iniciou a treinar boxe numa academia de São Paulo. Ditão era um negro de porte gigantesco, enorme aptidão para o boxe e um direto irresistível. Em um par de meses, já no início de 1923, estreiava como profissional e, sem nenhuma dificuldade, derrotou seus três primeiros adversários, todos no primeiro round. Se somarmos o tempo total de luta desses três combates, não chegaremos a três minutos. Era essa a experiência profissional de Ditão.

Como depois relatou o técnico Atílio Lofredo, "Todo o mundo estava enlouquecido de entusiasmo com Ditão; seus três fulminantes nocautes levaram todos a acreditar que nenhum homem do mundo poderia resistir à sua pancada devastadora". Não menor era o entusiasmo dos empresários da época, os quais viram uma chance milionária quando passou pelo Brasil o campeão europeu dos pesados, Hermínio Spalla, que tinha ido até à Argentina enfrentar o legendário Angel Firpo.

Rapidamente, foi organizada uma luta entre Ditão e Spalla que rendeu 120 contos de réis, uma fortuna para a época. O início da luta foi quase de encomenda para a platéia: já de saída, Spalla foi derrubado pela potentíssima direita de Ditão. O público foi ao delírio, mas não era por nada que Spalla tinha mais de sessenta lutas com adversários de nível internacional. O italiano levantou-se e a partir do terceiro round iniciou a demolir Ditão. Esse, qual leão ferido, tentou resistir mas acabou caindo no nono round. Teve um derrame cerebral, mas sobreviveu para terminar seus dias como inválido.

Imediatamente após a derrota de Ditão, os jornais iniciaram uma campanha contra o boxe, o que levou o governador de São Paulo a proibir sua prática. Mas não ficou só nisso o impacto da tragédia de Ditão: por quase dez anos, os empresários brasileiros ficaram receosos de trazer boxeadores estrangeiros.

O período de ouro entre 1926 e 1932

  • Após revogada a proibição, em abril de 1925, o boxe brasileiro voltou a crescer a partir das sementes lançadas pelos primeiro treinadores competentes.
  • No período que se seguiu, entre os vários lutadores de destaque, o maior ídolo foi o peso leve Italo Hugo, o Menino de Ouro. Entre seus maiores feitos está o nocaute, em primeiro round, sobre o campeão sul-americano dos leves, Juan Carlos Gazala, em 1931.
  • Em 1932, tivemos novo impasse: a Revolução de 32 paralisou tudo.

Década dos 30's

O acontecimento marcante desse período foi a criação das federações de boxe - carioca, paulista, etc - com as quais se deu condições de os boxeadores profissionais brasileiros disputarem oficialmente títulos internacionais e os amadores poderem participar de torneios e campeonatos internacionais.

Como consequência, já em 1933, fomos pela primeira vez a um campeonato internacional: o Sul-Americano de Boxe Amador, que se realizou na Argentina. A seleção brasileira era composta apenas de cariocas, pois que somente Rio de Janeiro tinha boxe legalizado através de federação.
Tínhamos, contudo, um grande caminho a percorrer. Nessa época, o boxe de nossos vizinhos argentinos, uruguaios e chilenos era tão superior que considerávamos uma façanha perder "apenas" por pontos para um deles.

Época do Ginásio do Pacaembu

Esse ginásio foi criado em 1940 e nele, pela primeira vez, podia-se ver lutas de brasileiros com nível verdadeiramente internacional. Os mais destacados deles foram: Atílio Lofredo e Antônio Zumbano ( o "Zumbanão" ).

Zumbanão foi o primeiro grande astro do boxe brasileiro, imperando absoluto por um longo período: de 1936 a 1950, durante o qual realizou cerca de 140 lutas, mais da metade das quais ganhou por nocaute. Era um peso médio de grande poder de punch e não menor capacidade de esquiva. Verdadeiro ídolo, arrastava multidões ao Pacaembu.

O início do boxe moderno: anos 50's

Esta foi uma nova época de ouro para o boxe brasileiro: grandes espetáculos, nacionais e internacionais, e uma imensa galeria de astros. Um dos elementos decisivos para isso foi a ação do primeiro mega-empresário do boxe brasileiro, Jacó Nahun.

Além de ter lançado alguns dos grandes nomes do boxe brasileiro - como Kaled Curi, Ralf Zumbano e Éder Jofre -, Jacó Nahun conseguiu um intercâmbio com os dirigentes do Luna Park, o maior ginásio de boxe da América do Sul, com o que centenas de boxeadores argentinos vieram lutar no Pacaembu e, posteriormente, no Ginásio do Ibirapuera. Isso foi uma excelente escola que contribuiu decisivamente para o amadurecimento do boxe brasileiro.

Na época, tivemos tantos bons boxeadores que fica até difícil destarcamos alguns deles sem correr risco de fazer injustiça. Por razões de espaço, apontaremos apenas quatro deles os quais se não forem unanimidade certamente estarão em qualquer lista de "os mais importantes da época":

Kaled Curi, o "Beduíno"
peso galo dotado de fortíssima esquerda; frequentemente lutava com adversários de várias categorias acima, sendo que travou muitas lutas verdadeiramente antológicas; como amador, chegou a campeão latino-americano e como profissional foi campeão brasileiro; podia ter ido além se não se envolvesse tanto com questões administrativas das federações e com a promoção de lutas; após parar de lutar, dedicou-se a empresariar boxeadores e promover eventos de boxe profissional.
* Ralph Zumbano, o "Bailarino"
peso leve de pouca "pegada" mas estilo, esquiva, técnica e jogo de pernas elogiadas até internacionalmente; teve carreira curta como lutador, passando a treinador de sucesso.
* Luis Inácio, o "Luisão"
talvez, o maior meio-pesado brasileiro de todos os tempos; extremamente popular por seu carisma, suas entrevistas folclóricas, sua velocidade e poder de punch; foi o primeiro brasileiro a conquistar medalha de ouro nos Jogos Panamericanos ( México 1955 ); como profissional, chegou a campeão sul-americano dos meio-pesados, tendo feito inúmeras lutas internacionais, inclusive com o legendário Archie Moore; sua popularidade acabou sendo sua tragédia: ao subestimar o famoso campeão chileno Humberto Loayza, numa troca de golpes, acabou sofrendo um violento nocaute; como era bilheteria certa, os empresários nem lhe deixaram descansar, continuaram a lhe promover lutas, as quais só agravaram a lesão que havia sofrido; o resultado foi o esperado: Luisão acabou "sonado" ( ficou extremamente sensível a qualquer golpe na cabeça e a exibir sintomas da chamada "demência pugilística" ) passando a ser derrotado por qualquer um, inclusive em brigas de rua com marginais; acabou morrendo como indigente e se tornando mais uma triste lição para o boxe profissional brasileiro.
* Paulo de Jesus Cavalheiro
Peso meio-médio, atuando profissionalmente entre 55 e 58. Extremamente carismático, só perderia em popularidade para o Zumbanão. Já era tratado como ídolo nos seus tempos de amador. Tinha grave problema cardíaco que prejudicava muito sua atuação.

A década de Eder Jofre: os anos 60's

O maior boxeador brasileiro de todos os tempos nasceu em uma família de pugilistas: tanto por parte do pai ( família Jofre, oriunda da Argentina ) como por parte da mãe ( família dos Zumbanos ). Assim que Éder Jofre, praticamente, nasceu dentro do ringue e desde cedo aprendeu as "manhas" da nobre arte.

Desde muito cedo exibia características que acabaram lhe colocando num lugar de destaque na história do boxe mundial: tinha como principal arma um fortísssimo gancho de esquerda ( vide foto ao lado ), e uma igualmente arrasadora direita; não menos importante era sua grande inteligência que lhe permitia modificar o estilo de luta segundo o adversário.

Estreiou como amador aos 17 anos de idade, em 1953. Em seus quatro anos de competição entre os amadores não conseguiu nenhum título de importância internacional. Seu sucesso só viria explodir como profissional, carreira que iniciou aos 21 anos, em 1956.

Já em 1958 tornou-se campeão brasileiro dos pesos galo. Contudo, o sucesso internacional não foi tão rápido. Para isso foi fundamental o trabalho de seu empresário, Jacó Nahun. Esse, usou sua experiência para construir uma "escadinha" que permitisse Éder fazer um renome internacional e assim poder esperar por uma chance de disputar o título mundial. Essa chance começou a ficar mais próxima em 1960, quando Jacó Nahun conseguiu a inclusão de Éder entre os dez primeiros do ranking de galos da NBA ( a associação que mais tarde deu origem a atual WBA=Associação Mundial de Boxe ). Atingindo esse ponto, Éder trocou de empresário ( Nahun, magoado com a "traição", abandonou o boxe ) e foi lutar nos USA, onde fêz três lutas que melhoraram sua posição no ranking. Ainda nesse mesmo ano de 1960, finalmente, materializou-se a oportunidade de disputa pelo título mundial quando o então campeão mundial dos galos, Joe Becerra, renunciou ao seu título depois de ter causado a morte de seu último adversário. Com isso, no final de 1960, acabou sendo marcada uma luta pelo título vago entre Éder e o mexicano Eloy Sanchez. Éder Jofre precisou de apenas seis rounds para se adonar do cinturão.

Contudo, Éder ainda não havia chegado ao topo, pois a União Européia de Boxe não reconhecia os campeões da americana NBA. Foi só em 1962 que surgiu a oportunidade de uma luta pela unificação dos pesos galo, entre Jofre campeão pela NBA e Johnny Caldwell campeão pela UEB. Essa luta foi travada no ginásio do Ibirapuera, com um público record de 23 000 pessoas. Éder massacrou o irlandês Caldwell e se tornou o undisputed champion dos pesos galo.

Jofre defendeu com sucesso seu cinturão por sete vezes, até 1965, não fugindo de nenhum adversário, por mais perigoso que esse fosse. Contudo, seu maior inimigo crescia a olhos vistos: era seu excesso de peso, que lhe fêz realizar várias lutas muito desidratado e até mal alimentado. Apesar disso, pressionado de vários lados, Éder preferiu não subir para a categoria dos pesos pena. A decisão foi errada: em 1965 foi vencido pelo maior boxeador japonês de todos os tempos, Masahiko "Fighting" Harada. No ano seguinte, o japonês concedeu revanche e venceu novamente. Com isso, Jofre declarou sua aposentadoria. Tinha 10 anos de profissionalismo e estava com 30 anos, o que é considerada uma idade avançada para um boxeador da categoria dos galos.

Como peso galo, Éder Jofre recebeu as maiores distinções: em eleição promovida pela mais conceituada publicação de boxe do mundo, The Ring Magazine, os leitores dessa revista elegeram Éder Jofre como um dos dez melhores boxeadores do século XX; foi o primeiro boxeador não americano indicado para o Hall of Fame do boxe; etc.

Epoca da penúria: 70's

O sucesso do peso galo Éder Jofre motivou o surgimento de muitos boxeadores brasileiros. Entre esses, os mais destacdos foram:

* Servílio de Oliveira
peso mosca de estilo brilhante, golpes e esquivas de precisão milimétrica; por muitos, é considerado o melhor boxeador já surgido no Brasil; estreiou em 1968 nos amadores e já no mesmo ano conseguiu o maior feito do boxe amador brasileiro até então: medalha de bronze nas Olimpíadas; em 1969 estreiou nos profissionais onde atuou até 1971, fazendo várias lutas internacionais, a maioria com boxeadores sul-americanos; em 1971, em luta com um mexicano, sofreu um deslocamento de retina que o deixou praticamente cego do olho direito e o fêz abandonar sua muitísssimo promissora carreira; em 1976, tentou voltar, chegando a fazer algums lutas internacionais, mas na primeira disputa de título, sofreu impedimento médico e abandonou de vez o esporte.
* Miguel de Oliveira
iniciou no profissionalismo na mesma época que Servílio e se destacou por ser um peso médio-ligeiro de soco potente, especialmente quando desferia o hook no fígado, e de ser dotado de grande inteligência; em 1973 já tinha 29 lutas e teve sua oportunidade na disputa pelo título mundial pelo CMB; em 1975 teve nova chance, agora com sucesso, arrebantando o cinturão mundial pelo CMB do espanhol José Duran; infelizmente, mal orientado, perdeu o título já na primeira defesa.

O terceiro boxeador importante dessa época foi, novamente, Éder Jofre, que, premido por dificuldades financeiras, voltou a boxear em 1970, agora nos pesos pena. Éder continuou a brilhar e em 1973 conquistou o título mundial do CMB, infelizmente não tão importante quanto o que tinha ganho como galo. Também não teve sorte com seu empresário que acabou deixando-o em inatividade por tempo excessivo o que fêz com que o CMB o destituísse do título. Apesar de não ser mais campeão, ele continou a lutar, sempre invicto até 1976, quando encerrou definitivamente sua carreira, aos 40 anos de idade. Ao longo de sua vida de profissional, realizou 78 lutas, sendo que ganhou 50 por nocaute e teve apenas duas derrotas, ambas por pontos e para o histórico Masahiko "Fighting" Harada.

Assim que, quase simultaneamente, tivemos a aposentadoria de três dos maiores lutadores brasileiros de todos os tempos: Jofre, Servílio e Miguel de Oliveira. Isso e a transmissão dos jogos de futebol pela TV funcionaram como uma ducha fria no boxe brasileiro, que mergulhou num período bastante negro, de ginásios vazios e poucas perspectivas.

O fenômeno Maguila e o ressurgimento do boxe

No início dos anos oitenta, pela primeira vez no Brasil, uma rede de TV ( a TV Bandeirantes ), por iniciativa de seu diretor de esportes ( Luciano do Valle, o qual também atuava como promotor de eventos esportivos, através de sua empresa, a Luque Propaganda, Promoções e Produções ), resolveu investir pesado no boxe, transformando-o em espetáculo de massa.

Os primeiros boxeadores feitos pela TV brasileira, Francisco Thomás da Cruz ( peso super-pena ) e Rui Barbosa Bonfim ( meio-peaso ), tiveram relativo sucesso, mas foi só com Adislon "Maguila" Rodrigues que as transmissões de lutas de boxe pela TV alcançaram absoluta liderança de audiência.

Maguila, com 1,86 metros e cerca de 100 Kg, foi um dos poucos pesos pesados brasileiros. Tinha grandes elementos para ser um ídolo: enorme carisma aliado à grande valentia, mobilidade e uma direita demolidora que lhe propiciou nada menos do que 78 nocautes em sua carreira de 87 lutas, a maioria das quais com lutadores europeus, sul-americanos e norte-americanos.

Maguila estreiou como profissional em 1983, tendo Ralph Zumbano como técnico e Kaled Curi como empresário. Em 1986, já no auge da fama, assinou contrato com a Luque e passou a treinar com Miguel de Oliveira que alterou profundamente seu estilo de luta e corrigiu seus defeitos de defesa. Como consequência, em 1989, chegou a ser o segundo colocado no ranking do CMB e em rota de colisão com Mike Tyson, na época, o undisputed champion do mundo.

O grande momento, contudo, nunca ocorreu. Precisou enfrentar dois dos maiores pesados do século XX: Evander Holyfield e George Foreman. Perdeu essas duas lutas e isso lhe tirou não só a chance de disputar o título como o encaminhou para a obscuridade. Para piorar, Maguila aumentou muito de peso, perdendo a forma física. Apesar disso, em 1995, chegou a campeão mundial pela WBF ( Federação Mundial de Boxe ), uma associação que ainda não havia conseguido grande respeitabilidade. Com falta de patrocínio, pouco tempo depois, Maguila foi destituído do título por inatividade.

Com o ocaso de Maguila, também veio o do boxe brasileiro que rapidamente perdeu o enorme espaço que havia tido na televisão.

No final dos anos noventa, surgiu uma nova promessa: Acelino de Freitas, o Popó. Patrocinado pela Rede Globo de televisão, Popó chegou ao título de campeão mundial pelo WBO . Ainda é cedo para avaliarmos a posição que lhe reservará a História.

Comentários finais:

O texto acima é apenas uma tentativa de resumir a história do boxe brasileiro. Para se fazer justiça aos mais de 10 000 boxeadores profissionais que atuaram no período seria necessário um longo livro.

Fonte: Site da Federação Rio Grandense de Boxe
www.boxergs.com.br