Aikido: a arte da paz
“Controlar a agressividade sem causar danos é a Arte da Paz.”Morihei Ueshiba
Na generalidade, todas as artes marciais têm como princípio técnicas de defesa, sendo o ataque uma forma pró ativa de proteção (e por vezes reativa). No caso do Aikido, este conceito é levado ao seu extremo, tendo como filosofia central o princípio de defesa sem magoar o atacante.
A filosofia
Fortemente espiritualizado, o Aikido é sobretudo uma arte de auto-controle físico e mental, ajudando os seus praticantes – Aikidokas – a descobrirem-se a si próprios. Assim, o treino do Aikido baseia-se na recepção e anulação de ataques e não no gesto de atacar por iniciativa própria. O termo em si é composto por três caracteres, que significam harmonia, energia e caminho.
A filosofia base do Aikido nasce com a experiência de vida de Morihei Ueshiba, o fundador desta arte nos anos 20. Também conhecido como ?sensei (“o grande mestre”), pretendeu reunir todos os ensinamentos que fora acumulando ao longo de décadas de treino e diferentes práticas, compilando-os numa nova arte marcial.
Este conhecimento era, por um lado, funcional, como o caso das artes marciais que praticara e que vieram a influenciar o Aikido: Judo, Yagy? Shingan-ry?, Tenjin Shin'y?-ry? e sobretudo, Dait?-ry?, considerada como aquela em que Ueshiba mais se viria a basear.
Por outro lado, além da componente prática, foram sobretudo os ensinamentos espirituais do ?sensei que mais marcaram a filosofia do Aikido. Por entre eles, destacam-se os recebidos por Onisaburo Deguchi, líder espiritual japonês cuja relação a Ueshiba lhe permitiu movimentar-se pelos círculos superiores da sociedade, valendo-lhe a divulgação da sua arte e a angariação de importantes alunos e seguidores.
As diferentes escolas
Quase instantaneamente, os principais discípulos do ?sensei começaram a fomentar as suas próprias interpretações da filosofia original, dando origem a movimentos distintos. Sem nunca deixar de respeitar os princípios fundadores, surgiam assim os sub-géneros do Aikido:
- Aikikai – o estilo principal e original, seguindo diretamente os ensinamentos de Morihei Ueshiba. É encabeçado pela Fundação Aikikai, a maior autoridade mundial de Aikido;
- Yoshikan – criado em 1955 pelo discípulo Gozo Shioda, enaltece a componente ofensiva do Aikido;
- Shodokan – fundado pelo Sensei Kenji Tomiki em 1967, é um estilo vocacionado para a competição, sendo o único que realiza campeonatos regularmente;
- Yoseikan – ensinado no Dojo com o mesmo nome, foi aplicado pelo discípulo Minoru Mochizuki, mantendo todos os ensinamentos originais mas acrescentando-lhes vários movimentos típicos do Judô, de modo a completar a técnica original do Aikido;
- Ki Aikido – o termo mais correto será Shin Shin Toitsu Aikido, apesar de ser conhecido popularmente por Ki. Este estilo nasceu fruto de uma cisão entre Koichi Tohei e Kisshomaru Ueshiba, filho do ?sensei;
- Iwama Ryu – tornou-se um estilo distinto após a morte do Mestre Morihito Sato, altura em que os seus seguidores se separaram da Fundação Aikikai e criaram um movimento que segue especificamente os métodos de Sato.
O treino
Apesar da complexidade do processo de treino e prática de Aikido, a sua essência acaba por ser simples. Sendo esta arte baseada na defesa, por contraditório que pareça, o treino exige precisamente que um dos aikidokas assuma o papel de atacante: só assim o outro poderá praticar a defesa.
Existem dois componentes básicos neste treino: o uke será quem irá receber a técnica, e cabe-lhe o papel de atacar o outro aikidoka; nade será quem aplica a técnica em questão, cabendo-lhe toda a responsabilidade de assegurar não só a sua própria proteção mas também a do uke. Ambas as partes do treino são de importância essencial para o domínio de Aikido: o nade aprenderá a anular um ataque e a fundir-se com o mesmo, ao mesmo tempo que o uke irá ambientar-se com situações de desvantagem, mantendo calma e serenidade.
Pela natureza da sua filosofia, os golpes e técnicas do Aikido baseiam-se na sua grande maioria no ato genérico de agarrar e atirar o uke, utilizando precisamente a energia que este despende (no movimento ofensivo) contra ele próprio. Isto tem implicações adicionais: o uke deverá saber movimentar-se, rodar sobre si próprio e cair, sob o risco de sofrer alguma lesão; mas mais importante ainda, o nade deverá saber utilizar uma força proporcional à do uke e à do ataque que este tentou. Muitas das lesões ocorridas no Aikido devem-se mais a falhas do nade do que do uke!
Aikido a nível internacional
À medida que o ensino de Aikido proliferou, a Fundação Aikikai (assim como as outras escolas) foi dando a conhecer a sua arte um pouco pelos restantes continentes, através da participação em exibições e congressos internacionais. Estas apresentações serviram ao mesmo tempo como porta de entrada para a instalação de Dojos de Aikido em diversos países, como por exemplo França, E.U.A., Reino Unido, Itália, Alemanha e Austrália. Hoje em dia existem Dojos um pouco por todo o mundo, todos eles sob a tutela da Fundação Aikikai.
Fonte: lutasartesmarciais.com
Reishin Kawai Sensei: introdutor do Aikido no Brasil
O AIKIDO foi introduzido no país pelo Shihan Reishin Kawai (1931 - *) no início da década de 60, sob orientação do já falecido mestre 9º grau Arimoto Murashige, que era o Representante do AIKIDO para o Ocidente.Atualmente, o Shihan Reishin Kawai (faixa preta 8º grau), ligado às entidades AIKIKAI e IAF, preside a Confederação Latino-americana de AIKIDO. Reishin Kawai reside em São Paulo, onde exerce, além do AIKIDO, medicina oriental, sendo muito respeitado pelo seu conhecimento em ambas as áreas.
Como aconteceu
Em 09/01/1963 abriu sua primeira academia no centro de São Paulo, sendo realmente o introdutor do Aikido no Brasil. (fonte: Academia Central - União Sul Americana. Esta e outras informações são citadas baseadas em cartas fotos e documentos que comprovam a legitimidade). Embora nunca tenha treinado esta arte no Japão, em 1961, o Mestre Munashigue, 9º dan de Aikido, representante internacional do Aikikai, determinou que Reishin Kawai fosse um representante do Aikido no Exterior cuidando desta arte marcial no Brasil. Recebeu em 28/02/1963 o título de Shihan diretamente das mãos de O-Sensei. Em 1975, tornou-se Representante-Geral da Fundação Aikikai do Japão no Brasil. Em 1979, fundou a Federação Paulista de Aikido, ocupando o cargo de presidente por seis anos. No começo da década de 90 resolveu renunciar e seus alunos mais antigos tomaram conta desta entidade. Então ele fundou a Confederação Sul-Americana de Aikido, da qual é presidente sendo esta umas das maiores organizações atuais com Dojos por todo o Brasil, Peru, Uruguai, Argentina, Dinamarca e espanha. É 8º dan. Foi responsável pelas duas visitas feitas à América do Sul pelo então Doshu do Aikikai Hombu Dojô Kishomaru Ueshiba (1978 e 1990).
Particularidades
Sendo portador do 8º Grau de Faixa Preta de Aikido, a mais alta graduação desta modalidade em nosso país, Kawai Sensei, como é chamado pelos seus alunos, vive uma vida dedicada ao tratamento e á cura das pessoas através da Medicina Oriental como acupuntura, mocha, shiatsu e outras além da divulgação e ensino da arte do Aikido em nosso país bem como em países da América Latina.
Kawai Sensei pode ser chamado de "PAI" de todos os aikidoístas brasileiros, pois é o responsável pela introdução e desenvolvimento da arte no Brasil e possui um Dojo exclusivo para a prática, onde mantém vivo o verdadeiro espírito da arte e um estreito vínculo com a sede mundial do Aikido - o Hombu Dojo, em Tókio, Japão, promovendo todos os anos em nosso país a vinda de grandes mestres e senseis, diretamente do Japão, como: Masuda Shihan, Fujita Shihan, Seki Shihan, Nakamura Shihan, Hironobu Yamada Shihan, Senseis Kunihiko Urushihara e Hagitani Fukutaro, alem de outros que estão sempre em visita à Academia Central, como é conhecido o Dojo do Shihan Kawai.
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Capoeira
Ao se pensar em outra prática corporal genuinamente brasileira, a capoeira foi criada pelos escravos como forma de luta para se conquistar a liberdade. Não obstante, hoje ela é considerada um misto de dança, jogo, luta, arte e folclore (FALCÃO, 2003). |
RUGENDAS, Johann Moritz. Jogar Capoeira (Domínio Público). Litografia, 1835. |
Origem da Capoeira Capoeira é uma arte marcial com quase 5 séculos, desenvolvida no Brasil, por escravos oriundos de África, inicialmente como técnica de defesa. Baseada em tradicionais danças e rituais africanos, estes escravos praticavam Capoeira nos intervalos do trabalho, treinando quer o corpo quer a mente para situações de combate. Devido à proibição de qualquer tipo de arte marcial pelos seus donos, a capoeira continuou, mas encoberta como uma "inocente" dança recreativa. Mais tarde, no século 17, alguns escravos fugitivos formaram "quilombos" (territórios escondidos e governados por escravos), na qual a arte capoeirista foi aperfeiçoada. Mas a Capoeira permanecia proibida, mesmo após a abolição da escravatura em 1888. Contudo, continuava a ser praticada pela população mais pobre, dando origem a perseguições e condenações, numa tentativa, quase bem sucedida, de erradicar a Capoeira das ruas brasileiras nos anos 20. Apesar da proibição, Mestre Bimba e Mestre Pastinha fundaram a primeira escola de Capoeira, em Salvador, Bahia. Mestre Bimba criou um novo estilo, a "Capoeira Regional", afastando-se da tradicional "Capoeira Angola", introduzindo novos movimentos e técnicas. Foi com a nova "Capoeira Regional" que o Mestre Bimba conseguiu finalmente convencer as autoridades do enorme valor cultural da Capoeira, terminando assim a proibição na década de 30. A Capoeira é caracterizada por uma roda, formada por praticantes da arte capoeirista. Na roda um Mestre encarrega-se de tocar o berimbau, acompanhado por outros capoeiristas com instrumentos específicos da Capoeira, como o pandeiro ou o atabaque. Os restantes membros que irão praticar o seu "jogo" de Capoeira, alternadamente, e dois a dois, num misto de dança, pontapés, saltos, etc. Fonte: arodacapoeira.no.sapo.pt Citação: FALCÃO, José Luiz C. Capoeira. In: KUNZ, Elenor. Didática da Educação Física 1. 3. ed. Ijuí: Unijuí, 2003, p. 55-94. |
Mestre Bimba |
Aos 23 de Novembro de 1899, início de um novo século, no bairro de Engenho Velho, freguesia de Brotas, em Salvador, Bahia, nascia Manoel dos Reis Machado, o MESTRE BIMBA. Seu apelido BIMBA, ele ganhou logo que nasceu, em virtude de uma aposta feita entre sua mãe e a parteira que o “aparou”. Sua mãe, dona Maria Martinha do Bonfim dizia que daria luz a uma menina. A parteira afirmava que seria homem. Apostaram. Perdeu Dona Maria Martinha e o Manoel, recém nascido, ganhou o apelido que o acompanharia para o resto de sua vida. BIMBA é, na Bahia, um nome popular do órgão sexual masculino em crianças. Seu pai, o velho Luiz Cândido Machado, já era citado nas festas de largo como grande “batuqueiro”, como campeão de “batuque”, “a luta braba, com quedas, com a qual o sujeito jogava o outro no chão”. Aos 12 anos de idade, BIMBA, o caçula de dona Martinha, iniciou-se na capoeira, na estrada das boiadas, hoje bairro da Liberdade, em Salvador. Seu Mestre foi o africano Bentinho, capitão da cia. De navegação baiana. Naquele tempo a capoeira era ainda bastante perseguida e BIMBA cantava: “naquele tempo capoeira era coisa para carroceiro, trapicheiro, estivador e malandros; eu era estivador, mas fui um pouco de tudo”. A polícia perseguia um capoeirista como se persegue um cão danado. Imagine só que um dos castigos que davam aos capoeiristas que fossem preso brigando, era amarrar um dos punhos no rabo do cavalo e outro em um cavalo paralelo. Os dois cavalos eram soltos e postos a correr até o quartel. Comentavam até por brincadeira, que era melhor brigar perto do quartel, pois ouve muitos casos de morte. O indivíduo não aguentava ser arrastado em velocidade pelo chão e morria antes de chegar ao seu destino: o quartel de polícia. MESTRE BIMBA praticava e ensinava a capoeira tradicional, mas ele sentia que ela havia perdido eficiência como luta, pois os mestres que a mantinham, se preocupavam muito com a manutenção de novos rituais e tradições e esqueciam a sua essência como luta. Mestre Bimba vinha realizando estudos com seus alunos, para a criação do que ele chamaria de “Luta Regional Baiana”, quando chamou os mestres da época para uma reunião, todos recusaram sua proposta, pois achavam que ele estava acabando com a tradição do que mais tarde seria chamado de Capoeira Angola. Aproveitando-se do “batuque”, da “angola” e da sua experiência e habilidade como exímio lutador, criou o que chamou de “capoeira regional”, ou “Luta Regional Baiana” assim chamada para fugir da perseguição policial que existia sobre a Capoeira. |
Mestre Pastinha |
Foi defensor da Capoeira de Angola. Foi uma das grandes celebridades da vida popular na Bahia. Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 5 de abril de 1889 em Salvador-Bahia. Mulato claro de estatura mediana, magro, de temperamento gentil e acolhedor, bem-humorado, reuniu ao seu redor um grande número de excelentes capoeiristas, nem tanto por ser jogador excepcional, mas pela força de sua personalidade, seus dotes de filosofo e poeta, seu amor e conhecimento dos fundamentos da capoeira angola. Filho do espanhol José Señor Pastinha e de Dona Maria Eugênia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe, com a qual ele teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que vivia de vender acarajé e de lavar roupa para famílias mais abastadas da capital baiana. Diz-se que Pastinha aprendeu capoeira ainda menino com um negro de Angola chamado Benedito, que presenciou as surras que constantemente tomava de um menino mais velho. Mestre Benedito o chamou e disse: "O tempo que você perde empinando raia, vem aqui no meu cazua que vou lhe ensinar coisa de muito valia". Existem outras versões que dizem que Pastinha aprendeu capoeira bem tarde, já homem maduro. A princípio mestre Pastinha ensinava capoeira para os colegas da Marinha, onde ingressou aos 12 anos. Depois que saiu, aos 20 anos, abriu sua primeira escola de capoeira na sede de uma oficina de ciclistas. Além de capoeirista, mestre Pastinha, era pintor; chegando a dar aula de pintura de quadros a óleo. Em 1941 fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola no casarão número 19 do Largo do Pelourinho. Esta foi sua primeira academia-escola de capoeira. Disciplina e organização eram regras básicas na escola de Pastinha e seus alunos sempre usavam calças pretas e camisas amarelas, cores do Ypiranga Futebol Clube, time do coração de Pastinha. Para Pastinha, a capoeira "de Angola se diferencia da Capoeira Regional por "não ter método", ser "sagrada" e "maliciosa". Pastinha não aceitava a "mistura" feita por mestre Bimba, que incorporou a capoeira movimentos de outras lutas. Pastinha dedicou sua vida a capoeira angola, tornando-se um dos estandartes da cultura afro-brasileira. Faleceu em 14 de novembro de 1981, aos 92 anos de idade, cego havia 18, abandonado pelos órgãos públicos e pela maioria de seus antigos alunos. "Angola, Capoeira Mãe! É mandinga de escravo em ânsia de liberdade. Seu princípio não tem método, Seu fim é inconcebível ao mais sábio dos mestres." Este conteúdo foi acessado em 15/01/2010 do sítio: Associação Arte Regional de Capoeira - DF
Besouro
Quando Manoel Henrique Pereira nasceu, não havia nem dez anos que o Brasil tinha sido o último país do mundo a libertar seus escravos.
Naqueles tempos pós-abolição nossos negros continuavam tão alijados da sociedade que muitos deles ainda se questionavam se a liberdade tinha sido, de fato, um bom negócio. Afinal, antes de 1888 eles não eram cidadãos, mas tinham comida e casa para morar. Após a abolição, criou-se um imenso contingente de brasileiros livres, porém desempregados e sem-teto. A maioria sem preparo para trabalhar em outros serviços além daqueles mesmos que já realizavam na época da escravatura. E quase todos ainda sem a plena consciência de sua cidadania. O resultado desse quadro, principalmente nas regiões rurais, onde estavam os engenhos de açúcar e plantações de café, foi o surgimento de um grande contingente de negros libertos que continuavam, mesmo anos após a abolição, submetendo-se aos abusos e desmandos perpetrados por fazendeiros e senhores de engenho. Assim era sociedade rural brasileira de 1897, ano em que Manoel Henrique Pereira, filho dos ex-escravos João Grosso e Maria Haifa, nasceu na cidade de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. Vinte anos depois, Manoel já era muito mais conhecido na cidade como Besouro Mangangá - ou Besouro Cordão de Ouro -, um jovem forte e corajoso, que não sabia ler nem escrever, mas que jogava capoeira como ninguém e não levava desaforo para casa. Como quase todos os negros de Santo Amaro na época, vivia em função das fazendas da região, trabalhando na roça de cana dos engenhos. Mas, ao contrário da maioria, ele não tinha medo dos patrões. E foram justamente os atritos com seus empregadores - e posteriormente com a polícia - que deixaram Besouro conhecido e começaram a escrever a sua imortalidade na cultura negra brasileira. Há poucos registros oficiais sobre sua trajetória, mas é de se supor que a postura pouco subserviente do capoeirista tenha sido interpretada pelas autoridades da época como uma verdadeira subversão. Não por acaso, constam nas histórias sobre ele episódios de brigas grandiosas com a polícia, nas quais ele sempre se saía melhor, mesmo quando enfrentava as balas de peito aberto. Relatos de fugas espetaculares, muitas vezes inexplicáveis, deram origem a seu principal apelido: Mangangá é uma denominação regional para um tipo de besouro que produz uma dolorosa ferroada. O capoeirista era, portanto, "aquele que batia e depois sumia". E sumia como? Voando, diziam as pessoas... Histórias como essas, verdadeiras ou não, foram aos poucos construindo a fama de Besouro. Que se tornou um mito - e um símbolo da luta pelo reconhecimento da cultura negra no Brasil - nos anos que se sucederam à sua morte. Morte que ocorreu, também, num episódio cercado de controvérsias. Sabe-se que ele foi esfaqueado, após uma briga com empregados de uma fazenda. Registros policiais de Santo Amaro indicam que ele foi vítima de uma emboscada preparada pelo filho de um fazendeiro, de quem era desafeto. Já a lenda reza que Besouro só morreu porque foi atingido por uma faca de ticum, madeira nobre e dura, tida no universo das religiões afro-brasileiras como a única capaz de matar um homem de "corpo fechado". E Besouro, o mito, certamente era um desses. Fonte: www.besouroofilme.com.br Estes conteúdos foram acessados em 15/01/2010 do sítio: Associação Arte Regional de Capoeira - DF e em 04/03/2010 do sítio www.besouroofilme.com.brTodas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria. |
Karate-Do
Entende-se como Karate-Do a prática complementar de formação cultural e desportiva baseada no desenvolvimento peculiar dos sistemas de defesa pessoal e evolução interior característicos de Okinawa em seus primórdios (século XVIII) e do Japão a partir do início do século XX.Karate é uma palavra japonesa que significa "mãos vazias". É uma arte altamente científica, fazendo o mais eficaz uso de todas as partes do corpo para fins de auto-defesa. O maior objetivo do karate é a perfeição do caráter, através de árduo treinamento e rigorosa disciplina da mente e do corpo. O karate-ka (cultor de karate-do) utiliza como armas as mãos, os braços, as pernas, os pés, enfim, qualquer parte do corpo.
Além de ser um excelente meio de auto-defesa, o karate também é um meio ideal de exercício. Ele desenvolve a força, a velocidade, a coordenação motora,o condicionamento físico e é reconhecido também por seus valores terapêuticos.
O combate desarmado nasceu antes da história escrita, mas as origens mais remotas são obscuras, muitas vezes encobertas pelo folclore de uma variedade de culturas do mundo. Várias formas de combate desarmado eram praticadas na Índia, na China, em Formosa e em Okinawa, uma ilha ao sul do Japão. Em Okinawa, as lutas desarmadas foram desenvolvidas em segredo durante muito tempo, devido à influência dos fidalgos japoneses que conquistaram a ilha, proibindo os seus súditos de carregarem armas. Esta proibição de andarem armados obrigou muitas pessoas a praticar formas de combate sem armas, em segredo. O karate moderno nasceu na época em que o finado Mestre Gichin Funakoshi (1868-1957), então líder da Sociedade Okinawa de Artes Marciais, foi solicitado pelo Ministério da Educação do Japão, em maio de 1922 a conduzir apresentações de karate em Tóquio. A nova arte foi recebida entusiasticamente e foi introduzida em várias universidades, onde criou raízes e começou a florescer.
Devido ao fato do karate ter sido praticado secretamente no passado, um grande número de escolas e estilos (Ryus) foram desenvolvidos. Hoje existem inúmeras escolas no Japão, sendo as mais destacadas: Shotokan, Goju-Ryu, Shito-Ryu e Wado-Ryu, todas com ramificações pelo mundo afora.
O karate esportivo
Nos últimos anos, foram formuladas regras de combate simulado para se evitar ferimentos graves, com o propósito de introduzir o karate como um esporte competitivo. O karate de torneio é um jogo de reflexos que exige "timing", velocidade, técnica, estratégia, camaradagem e controle, onde prevalecem HONRA, LEALDADE e SENSO DE COMPROMISSO.
Durante os torneios, todos os golpes, embora fortemente focalizados, devem ser controlados precisamente antes do contato. Embora seja muito excitante de assistir, o torneio de karate é considerado, pela maioria dos mestres, como um degrau e não como o objetivo principal no desenvolvimento do karate-ka.
Nos anos 50, as universidades no Japão começaram a promover competições de karate. O primeiro Campeonato Mundial de Karate foi realizado em 1970 em Tóquio,Japão, com a participação de 33 países e, desde então, cada campeonato mundial tem sido promovido de dois em dois anos. Em 2002, o décimo sexto Campeonato Mundial realizado em Madri/Espanha teve a participação de 84 paises.
O karate tem se espalhado rapidamente, não apenas entre as gerações mais novas como um esporte para melhorar a força, mas tem se tornado um meio popular de exercício para homens e mulheres de meia-idade para manter a forma. Um número crescente de academias de karate tem aberto e mantido turmas para crianças.
Organização do Karate mundial
Devido a popularidade global do karate como esporte, a formação de uma federação internacional de karate tornou-se necessária. Em 1970, a União Mundial das Organizações de Karate (WUKO) foi criada. Desde então, todos os esforços têm sido feitos para incluir o karate nos Jogos Olímpicos – o maior símbolo das realizações do homem no campo desportivo. No dia 06 de junho de 1985, a WUKO foi oficialmente reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Em 1993, na Argélia, para adaptar-se às regras do Comitê Olímpico Internacional, a Federation Mondiale de Karate (FMK), também conhecida como World Karate Federation (WKF), absorveu a antiga WUKO, fato este que trouxe um desenvolvimento direcionado à promoção do karate mundial. No dia 18 de Março de 1999 o COI em sua 109o sessão (Seul) certificado do COI confirmou o reconhecimento em caráter definitivo da FMK/WKF, de acordo com o artigo 29 da carta Olímpica, como a federação mundial dirigente da modalidade karate.
Além da intenção de incluir o karate nos Jogos Olímpicos, o objetivo da WKF é de unificar todas as organizações que pratiquem karate, como esporte ou como uma arte tradicional, além de lutar também para promover ligações dentro de um espírito de amizade entre os karatecas do mundo. A WKF representa o karate mundial e coordena todas as atividades de karate ao redor do mundo, estabelece regras técnicas e operacionais, organiza e controla reuniões internacionais e toma as decisões sobre vários assuntos que possam surgir entre os membros.
Organização do Karate no Brasil
A prática do karatê para pessoas em cadeira de rodas
No Brasil a Entidade Nacional de Administração da modalidade karate é a Confederação Brasileira de Karate-CBK (representante de 26 Federações estaduais), que está filiada a WKF e vinculada ao Comitê Olímpico Brasileiro-COB certificado do COB, além de reconhecida através da Portaria no 551 do Ministério da Educação (10/11/1987), portaria do MEC como entidade de direção nacional da modalidade, com competência na área do desporto de sua própria denominação.
A prática do karatê para pessoas em cadeira de rodas
A questão pertinente a Educação Física Adaptada, tem atualmente sido motivo de muitas discussões desenvolvidas no meio acadêmico e científico, por profissionais da área em questão. Nesse sentido, observa-se a grande importância de procedimentos de pesquisa nessa população, dando subsídios para atuação dos profissionais da área.
Autores como DUARTE (1992), consideram que apenas recentemente, a Educação Física começou a se preocupar com a atividade física para pessoas com deficiência. Ele considera que o desenvolvimento do quadro qualitativo e quantitativo de pesquisas nessa área vai depender basicamente das iniciativas de pesquisas das Universidades.
Os problemas que envolvem deficientes estão presentes na sociedade desde os mais remotos tempos, SILVA (1987). A evolução no processo civilizatório da humanidade nos orienta como foi e tem sido a forma de tratamento atribuído a pessoa deficiente.
Os jogos organizados sobre cadeira de rodas forma conhecidos após a Segunda Guerra Mundial, onde esta tragédia na história da humanidade fez com que muito dos soldados que combateram nas frentes de batalha voltassem aos seus países com seqüelas permanentes. Porem este evento,proporcionou a pessoa com deficiência, melhores condições de vida, pois os deficientes pós-guerras eram heróis e tinham o respeito da população por isto, bem como uma preocupação governamental (GUTTMANN, 1981, ADMS E COL 1985; ALENCAR, 1986 CIDADES E FREITAS, 1999).
A partir das duas Guerras Mundiais, a necessidade das modernas sociedades em aumentar o rendimento com a diminuição do investimento, e sustentar elementos não produtivos, houve uma preocupação nas descobertas de métodos que visassem uma reintegração social do deficiente e, na medida do possível, torna-lo um fator de produção para a sociedade.
Surgiu então a atividade física, que tem demonstrado sua eficiência como um dos métodos a serem utilizados no arsenal terapêutico desta recuperação. Com o avanço científico moderno, o progresso dos conhecimentos o terreno da fisiologia do exercício, da psicologia, dos fatores biomecânicos, dos métodos de avaliação, da sociobiologia vieram despertar ainda mais, tais atividades. (ROSADAS, 1991),
Para ARAÚJO (1998) o desporto adaptado se propunha a minimizar as seqüelas nos soldados acometidos pelos traumatismos, em decorrência das guerras, mais especificamente em relação à Segunda Guerra Mundial, na década de 40. O objetivo da reabilitação dos soldados feridos em decorrência da guerra, naquele momento era prioridade do governo dos países envolvidos no conflito e também da classe científica, pois a expectativa e a qualidade de vida chamavam a atenção para a necessidade de estudos. Por outro lado, estes governos sentiam-se na obrigação de dar uma resposta à sociedade, no sentido de estar fazendo alguma coisa para minimizar as adversidades causadas pela guerra.
Os primeiros passos, neste sentido ocorreram em fevereiro de 1944, quando médico alemão, de origem judaica, exilado na Inglaterra, Sir Ludwig Guttmann, neurologista e neurocirurgião, foi convidado pelo governo britânico para fundar o centro de reabilitação para tratamento dos soldados lesionados medulares no Hospital de Stoke Mandeville, próximo à cidade de Aylesburg. Dr. Guttmann dedicou-se a esta atividade de 1943 a 1980. O primeiro programa de esporte em cadeira de rodas foi iniciado no Hospital de Stoke Mandeville em 1945, com o objetivo de trabalhar o tronco e os membros superiores e diminuir o tédio da vida hospitalar e prepara-los para o trabalho.
Em 1960, o Dr. Guttmann concretizou seu sonho, idealizado em 1948, de realizar um evento que tivesse o mesmo impacto de uma olimpíada. Realizado em Roma, o IX jogos de Stoke Mandiville, teve a presença de 400 participantes de 23 países, com apoio do Comitê Olímpico Italiano (COI), que passaram anos depois a se chamar “Paraolympics” (Olimpíadas para paraplégicos).
A introdução do esporte adaptado no Brasil se deu por meio de Del Grande com grupo que veio fazer jogos de exibições nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Um dos elementos que se chamava Jean Quellog sugeriu a Del Grande que fundasse um clube dos paraplégicos no Brasil. Ele despachou uma cadeira esportiva dos Estados Unidos e Balmer (um antigo fabricante de cadeira de rodas) fez as outras.
As modalidades esportivas para as pessoas com deficiências físicas são baseadas na classificação funcional e atualmente apresentam uma grande variedade de opções. As modalidades olímpicas são o arco e flecha, atletismo, basquetebol, bocha, ciclismo, equitação, futebol, halterofilismo, iatismo, natação, rugby, tênis de campo, tênis de mesa, tiro e voleibol (ABRADECAR, 2002).
A participação de pessoas com deficiência física em eventos competitivos no Brasil e no mundo vem sendo ampliada. Por serem um elemento ímpar no processo de reabilitação, as atividades físicas e esportivas, competitivas ou não devem ser orientadas e estimuladas, visando assim possibilitar ao portador de deficiência física, mesmo durante seu programa de reabilitação alcanças os benefícios que estas atividades podem oferecer, visando uma melhor qualidade de vida.
Dentro dos esportes adaptados apresentados, nota-se que há muito pouco espaço para as artes marciais, tornando-se necessário desenvolver ou adaptar artes marciais para esta população. De acordo com dados do Censo, 24,5 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a 14,5% da população e a prática de uma atividade física adaptada, proporciona á pessoa com deficiência física condições através da pratica do esporte, da recreação e do lazer uma melhor qualidade de vida.
Alguns autores como GUTTMAN (1976b), SEAMAN (1982), LIANZA (1985), SHERRILL (1986), ROSADAS (1989), SOUZA (1994), SCHUTZ (1994) e GIVE IT A GO (2001) ressaltam que o esporte adaptado traz inúmeros benefícios como melhoria e desenvolvimento de auto-estima, auto-valorização e auto-imagem; o estímulo à independência e autonomia; a socialização com outros grupos; a experiência com suas possibilidades, potencialidades e limitações; a vivência de situações de sucesso e superação de situações de frustração; a melhoria das condições organo-funcional (aparelhos circulatório, respiratório, digestivo, reprodutor e excretor); melhoria na força e resistência muscular global; a possibilidade de acesso à prática do esporte como lazer, reabilitação e competição; prevenção de deficiências secundárias entre outras
Em Paises como a Irlanda, Japão e Portugal, já existe a prática do Karatê para cadeirantes. No Brasil existem vários esportes para deficientes como arco e flecha, bocha, halterofilismo, hipismo, natação, tênis, dentre outros, porém não se tem registro do ensino teórico-prático do Karatê para esta população.
A partir de pesquisas incipientes, há registros que a prática do Karatê para pessoas portadoras de deficiência física temporária ou permanente pode ser viável, uma vez que já existe a prática do Karatê para essas pessoas, o Karatê em Cadeira de Rodas.
O Karatê em Cadeira de Rodas atua simultaneamente como autodefesa e como bom exercício, no desenvolvimento de capacidades, de reflexos e força, para pessoas deficientes. Para isso, adaptou-se um sistema similar aos métodos aplicados no Karatê Tradicional, para o Karatê em Cadeira de Rodas.
Os métodos utilizados no ensino do Karatê adaptado são os ideais para as pessoas que estão recuperando de doenças ou se encontram fisicamente fracas ou que por alguma razão estão incapacitadas de praticar essa modalidade. Deste modo podem praticar o Karatê em Cadeira de Rodas até que estejam aptos para voltar ao treino regular.
A ACMS (Colégio Americano de Medicina do Esporte) (1997), relata que um programa de atividades físicas para as pessoas com deficiência física devem observar a princípio se a adaptação dos esportes ou atividades mantendo os mesmos objetivos e vantagens da atividade e dos esportes convencionais, ou seja, aumentar a resistência cárdio-respiratória, a força, a resistência muscular, a flexibilidade, etc.
Um outro ponto a considerar na elaboração de atividades para as pessoas de necessidades educativas especiais, em destaque aqui o indivíduo com deficiência física, é a necessidade de adaptação dos materiais e equipamento, bem como a adaptação do local onde esta atividade será realizada.
O projeto de pesquisa torna-se importante por serem inexpressivos trabalhos a nível acadêmico sobre o assunto. A escolha de uma modalidade esportiva pode depender em grande parte das oportunidades que são oferecidas as pessoas com deficiência física, da sua condição sócio-econômica, das suas limitações e potencialidades, da suas preferências esportivas, facilidade nos meios de locomoção e transporte, de materiais e locais adequados, do estímulo e respaldo familiar, de profissionais preparados para atendê-los, dentre outros fatores.
Artigo na íntegra: www.efdeportes.com
Este conteúdo foi acessado em 15/01/2010 do sítio: karatedobrasil.org
Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.
Jogos dos Povos Indígenas
O critério para a participação é a força cultural das etnias, considerando tradições como a língua, a dança, os rituais, os cantos, as pinturas corporais, o artesanato e os esportes tradicionais.
A primeira edição ocorreu em Goiânia, em outubro de 1996, com a presença de 25 etnias e mais de 400 atletas e contou com a presença de Pelé, que incluiu o evento no calendário da Secretaria Nacional do Esporte.
Os II Jogos foram realizados na cidade de Guairá, no Paraná, em outubro de 1999 e teve a participação de 31 etnias e mais de 600 atletas.Modalidades Esportivas:
Arco e Flecha
Cabo de Guerra
Canoagem
Atletismo (100 metros)
Corrida com Tora
Xikunahity (Futebol de cabeça)Futebol
Arremesso de Lança
Luta Corporal
Natação
Zarabatana
Rônkrâ
Arco e Flecha
Os povos indígenas usavam muito esse instrumento como arma de guerra. Atualmente, é usado para a caça, pesca e rituais, e tornou-se também uma prática esportiva, sendo disputada entre aldeias e até com não-indígenas. Na maioria das tribos indígenas brasileiras, o arco é feito do caule de uma palmeira chamada tucum, de cor escura, muito encontrada próxima aos rios. O povo Gavião, do Pará o confecciona com a madeira de cor vermelha chamada aruerinha. Os povos do Xingu utilizam o pau-ferro, o aratazeiro, o pau d'arco e o ipê amarelo. Os índios do alto Amazonas usam muito a pupunha, e as tribos da língua tupi são as únicas que, às vezes, utilizam a madeira das palmeiras. O padrão do tamanho do arco obedece à necessidade de seu uso, de acordo com a cultura de cada povo.
A flecha é feita de uma espécie de bambu, chamada taquaral ou caninha. A ponta é feita de acordo com a tecnologia de cada etnia. Há aquelas flechas mais longas e as pontas tipo serra, muito usada para a pesca. Outras pontas são feitas com a própria madeira da flecha. Alguns povos colocam ossos e mesmo dentes de animais. Há outras flechas praticamente sem ponta, mas com uma espécie de esfera (coquinhos), usada na caça aos pássaros. O objetivo é abater a ave e evitar ferimentos na pele ou danos às plumas e penas. Há também um outro armamento semelhante ao arco, em que se arremessa pedra, chamada bodoque.
A prática como esporte
A primeira atividade no âmbito esportivo intertribal que se tem notícia ocorreu em 1997, no I Jogos dos Povos Indígenas, realizado em Goiânia. A iniciativa, idealizada pelo índio Carlos Terena, resultou do patrocínio do Ministério dos Esportes e da parceria com o governo do Estado de Goiás do Comitê Intertribal e o apoio da FUNAI. Nessa primeira edição dos Jogos Indígenas foram usadas as flechas cedidas pela organização dos jogos, não havendo um grande aproveitamento na precisão dos lançamentos. Nos outros jogos que se seguiram nas cidades de Guaíra-PR (1999) e Marabá-PR(2000), cada competidor trouxe os seus próprios arcos e flechas.
Segundo Terena, "ao trazer seu próprio equipamento, o atleta aprimorou sua demonstração e possibilitou o uso mais apurado, pois sendo um objeto de uso pessoal, permitiu o exercício da técnica de cada guerreiro ao retesar a corda, na calibragem da flecha e na habilidade de seu lançamento".
Terena explicou que a variedade de arcos e flechas ganha um único objetivo que é o alvo. Para associá-lo às culturas, os índios se reuniram e resolveram decidiram que o alvo seria o desenho de uma anta, muito caçada tanto no centro-oeste e no sul (I Jogos, em Goiânia e II, em Guairá, no Paraná). Em Marabá, onde os Jogos foram realizados na beira do rio Tocantins, praia do Tucunaré, os indígenas optaram pelo desenho de um peixe, o tucunaré, abundante nos rios da região.
Como modalidade nos jogos
Prova: o Arco e Flecha é uma prova individual masculina Cada delegação indígena deverá inscrever no máximo 02 (dois) atletas, sendo essa modalidade uma competição individual. Cada atleta terá o direito a 03 (três) tiros, e deverá trazer o seu próprio equipamento (arcos e flechas). Caso haja algum problema no equipamento, o atleta poderá substituí-lo ou solicitar tempo para reparo. O alvo será o desenho de um peixe e a distância de aproximadamente 30 metros. A contagem de pontos reunirá a soma de acertos em cada área do alvo, com pontuação variadas e previamente definidas pela Comissão Técnica. Haverá uma primeira etapa eliminatória, que classificará para a segunda. Nessa fase, inicia-se uma nova contagem de pontos, que irá definir o primeiro, segundo e terceiro colocados. Somente 12 atletas, com as melhores pontuações, disputam a final. Outros detalhes serão definidos no Congresso Técnico da modalidade.
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Cabo de Guerra
Modalidade praticada para medir a força física, o cabo de guerra é muito aceito entre as etnias participantes de todas as edições dos Jogos, como atrativo emocionante, que arranca manifestação da torcida indígena e do público em geral. Permite a demonstração do conjunto de força física e técnica, que cada equipe possui. É uma das provas mais esperadas pelos atletas, pois muitas equipes treinam intensamente em suas aldeias, puxando grandes troncos de árvores. Isso porque, para os indígenas a força física é de suma importância, dando o caráter de destaque e reconhecimento entre todos. Na preparação de seus guerreiros, os índios sempre procuraram meios de desenvolver e medir a coragem e os limites de sua capacidade na força física.
É realizada desde os I Jogos por atletas, com a participação de homens e mulheres.
Competição/Prova: Cada delegação poderá inscrever no máximo duas equipes (masculina e feminina), compostas de 10 atletas e dois reservas. Haverá sorteio para compor as chaves de acordo com o número de equipes inscritas. Será utilizado o sistema de eliminatória simples na primeira e em todas as fases subsequentes, até se chegar a um ganhador maior. Detalhes serão definidos no Congresso Técnico.
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Canoagem
Histórico: a canoa é utilizada como meio de transporte e para a pesca, sendo essencial na vida dos índios. Naturalmente, cada povo tem uma maneira para fabricá-la. Os Bakairis utilizam a casca de jatobá. As canoas dos Karajá são mais estreitas que as outras, por serem feitas de um tronco mais fino, atingindo maior velocidade nas águas, difíceis de serem conduzidas. Os povos do Amazonas, como os Mundurukus, usam o fogo para fazer a cava no tronco da árvore do Itaúba.
Competição/Prova: cada delegação deverá inscrever uma equipe de 02 (dois) atletas. A prova será realizada em rio ou lago aberto, cujo local específico, distância e percurso serão definidos pela Comissão Técnica que serão divulgados, posteriormente no Congresso Técnico. Será permitido aos competidores o reconhecimento prévio do percurso e das canoas. Haverá sorteio das canoas, entre as equipes, em todas as baterias. Apenas o primeiro colocado de cada bateria participará da fase final composta por um número de equipes correspondentes ao número de canoas disponíveis no evento, quando serão definidos o ganhador maior
O vencedor será identificado pela arbitragem a partir da passagem da ponta da proa (ponta) da canoa, na linha demarcatória. Outros detalhes serão definidos no Congresso Técnico. Cada competidor trará o seu próprio remo.
Desde o início dos Jogos, para organizar a competição dessa modalidade houve grande preocupação, pois cada etnia possui tecnologia própria para a fabricação de sua canoas, feitas artesanalmente, mas sem obedecer a um padrão exato de tamanho e peso. O problema foi resolvido escolhendo-se as canoas dos Rikbatsa, norte de Mato Grosso, exímios canoeiros. Suas canoas ofereciam condições de aceitação pela maioria dos povos participantes nos jogos, foram adotadas e aprovadas para as competições, sendo sorteadas entre os participantes. Portanto, a partir dos III Jogos, os competidores passaram a usar canoas de fabricação tradicional rústica, feitas em madeira pelos índios Rikbatsa.
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Atletismo (100 metros)
Prova: a realização dessa modalidade passou por várias experiências de adaptação para a definição de seu formato. Chegou-se a conclusão da prova de 100 m rasos (masculino e feminino), como ideal para o modelo dos Jogos dos Povos Indígenas. Como experiência, nos I Jogos foi também disputada a prova de 4x100 m e o Salto em Distância. Já nos II Jogos, em Guairá (PR), em 1999, também como experiência, foi realizada a corrida de resistência de média distância em revezamento. Cada equipe indígena participou com dez atletas, revezando-se a cada 1000 m. Além da competição de 100 m, a prova de resistência de 5000 m, disputada por atletas masculinos, já está inserida nos Jogos.
Histórico: os índios sempre se interessaram em trabalhar seu preparo físico. Com isso, tornam-se verdadeiros competidores, adaptando-se e aprendendo, com a natureza a caçar e pescar, percorrendo grandes distâncias, atravessando lagos e rios em busca de alimento. O exercício físico é parte do dia-a-dia das aldeias. Tradicionalmente, a tribo Gavião Kiykatêjê, pratica o Akô, (corrida de varinha), em que duas equipes de atletas realizam a corrida de velocidade em círculo, em revezamento de quatro, cujo bastão é uma varinha de bambu.
Competição: Cada delegação indígena pode inscrever no máximo duas equipes, uma masculina e uma feminina, composta por 02 (dois) atletas. O número de séries (largadas) eliminatórias será definido no Congresso Técnico, de acordo com o número de atletas inscritos. Classificar-se-ão para as séries subsequentes somente os primeiros colocados da série (largadas) anterior, até se chegar a série (largada) final. Outros detalhes serão definidos no Congresso Técnico, onde cada povo participante pode ter dois representantes.
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Corrida com tora
Os povos indígenas que praticam essa atividade são os: Krahôs, Xerentes, e Apinajés do Tocantins, que habitam a região central do Estado de Mato Grosso em várias 11 terras indígenas e os Gavião Parakategê e Kyikatêjê do Pará, Terra Indígena Mãe Maria. Os Kanela e os Krikati, são do Estado do Maranhão. Os Kayapó do Pará e do Mato Grosso realizavam semelhante esporte que consistia em carregar e não correr com as toras. Os Fulni-ôs de Pernambuco teriam praticado esse esporte no passado, de acordo com estudo do antropólogo Curt Nimuendajú.
Histórico e Ritual
Entre os Krahô, Xerente, e Apinajé, a Corrida de Tora difere em diversos aspectos, obedecendo seus ritos tradicionais de significados social, religioso e esportivo.
Para o povo Khraô, habitante de extensa faixa contínua de Cerrado no Estado de Tocantins, ela está associada a algum rito e, conforme esse rito, variam os grupos de corredores, assim como o percurso e a tamanho das toras. Essas atividades são realizadas sempre com duas toras praticamente iguais. Os participantes se dividem em dois grupos de corredores “rivais”, cabendo apenas a um atleta de cada grupo carregar a tora, revezando-se em um mesmo percurso. As corridas se realizam no sentido de fora para dentro da aldeia, nunca de dentro para fora, ou mesmo dentro dela, quando estabelecem os pontos de largada e chegada no pátio de uma casa chamada woto, uma espécie de oca preparada para todas as atividades culturais, sociais e política. É sempre realizada ao amanhecer e ao entardecer. As corridas vindas de fora acontecem geralmente no final das tardes, quando os Krahôs retornam de alguma atividade coletiva (caça ou roça). A corrida de tora é praticada nos rituais, festas e brincadeiras. Nesses casos, as toras podem representar símbolos mágicos-religiosos, como durante o ritual do Porkahoks, que simboliza o fim do luto pela morte de algum membro da comunidade. Pela manhã, a corrida ganha um sentido de ginásticas para a preparação do corpo. Corre-se apenas com as toras já usadas ao redor das casas, no sentido contrário do relógio.
Os Xavantes, do Mato Grosso, também realizam a Corrida de Tora, o Uiwed, entre duas equipes de 15 a 20 pessoas. Pintam os corpos e correm mais de cinco quilômetros, revezando-se até chegar ao Wa'rãm'ba, o centro da aldeia, e iniciam a Dança do Uwede'hõre. Na festa do U'pdöwarõ, a festa da comida, também existe a corrida com tora, mas nesse evento a tora usada é maior e mais pesada (média de 100 a 110 Km).
Os Gavião Kyikatêjê/Parakateyê, do Pará, também grandes corredores de tora, obedecem os mesmos rituais de outros povos, mas há uma peculiaridade que é o Jãmparti (pronuncia-se Iãmparti). Trata-se de uma corrida com uma tora com mais de 100 Kg, mais comprida e carregada por dois atletas. Realizada sempre no período final das corridas de toras comuns, ou seja, aquela que é carregada por um atleta, com o sentido de harmonia e força. Em todas essas manifestações há a participação das mulheres. Não há um prêmio para o vencedor, pois somente a força física e a resistência são demonstradas.
Preparação das toras: geralmente, todos os povos que possuem essa atividade, confeccionam as toras com o tronco de uma palmeira chamada buriti, uma espécie de coqueiro, considerado sagrado pelos Krahôs. Do buriti, os índios aproveitam tudo, desde seu fruto, como alimento, folhas para cobertura de casa e confecção de artesanatos (cestarias, abanos), tronco para rituais e atividades esportivas.
Na preparação de corte dessa madeira, há um ritual de cantos e danças. É derrubado e cortado em duas partes em forma de cilindros em tamanhos iguais. Nas extremidades da tora é feito um tipo de cava para que possa facilitar seu carregamento. As toras possuem tamanhos variados, de acordo com o ritual a ser realizado, pesando de 02 a 120 quilos. Muitas toras são “guardadas” dentro do rio para que seja absorvida mais água e, assim, fiquem mais pesadas. Notadamente isso ficou comprovado nas apresentações dos Jogos dos Povos Indígenas.
Competição: nos VI Jogos dos Povos Indígenas/2003, houve pela primeira vez, uma verdadeira competição intertribal. Após uma ampla observação e um detalhado estudo por mais de seis anos, é chegado o momento histórico para a realização da primeira competição da Corrida de Tora entre as etnias indígenas. Esta decisão é resultado da sondagem realizada durante os jogos e nas manifestações e grande interesses dos próprios chefes indígenas na inovação. Portanto, além das etnias que praticam essa atividade em sua cultura, ou seja, entre os povos Apinajés, Xavantes, Kanelas, Gaviões, Krahôs e Xerentes, não haverá restrição para que outras etnias também manifestem interesse em participar.
A competição foi dirigida e observada por pelo menos cinco “juízes” neutros, não indígenas. Cada etnia deveria formar e uma equipe com 10 atletas corredores e, mais três reservas. As toras usadas nesta prova foram selecionadas pela comissão organizadora, bem como os números de voltas a serem dadas na arena, largada e chegada.
A largada sempre entre duas etnias (equipes), escolhidas num sorteio prévio. Utilizado o sistema de eliminatória simples em todas as fases, até chegar a um ganhador. Caso haja empate na segunda largada, haverá uma terceira. Os chefes de cada equipe foram chamados para um outro sorteio (par/impar ou cara/coroa). Nesta prova não houve a participação feminina.
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Xikunahity (Futebol de cabeça)
Pronuncia-se Zikunariti, na linguagem dos Paresi e Hiara na língua dos Enawenê Nawê.
Prova: É uma espécie de futebol, em que o chute só pode ser dado usando a cabeça. É um esporte praticado tradicionalmente pelos povos Paresis, Salumãs, Irántxes, Mamaidês e Enawenê-Nawês, de Mato Grosso. É disputado por duas equipes que podem possuir oito, dez ou mais atletas e um capitão. É realizada em campo de terra batida, para que a bola ganhe impulso.
O tamanho do campo é semelhante ao de futebol, e conta com uma linha demarcatória ao centro, que delimita o espaço de cada equipe.
A partida tem início quando dois atletas veteranos, um de cada equipe, dirigem-se ao centro do campo para decidir quem irá lançar a bola ao outro, que deverá rebate-la. Isto é decidido por meio de diálogo e a partida inicia com a primeira cabeçada para o campo adversário, a ser recepcionada por um dos atletas com a cabeça. Após isso, os dois atletas deixam o campo, e não realizam outra atividade durante o jogo inteiro. Na disputa, a bola não pode ser tocada com as mãos, pés ou outra parte do corpo, mas pode tocar o chão, antes de ser rebatida pela outra equipe.
Os atletas Parecis se atiram e mergulham com o rosto rente ao chão, livrando o nariz de tocar o solo, o que provoca uma certa violência no "chute" de cabeça e demonstram toda a habilidade, destreza e técnica necessárias na recepçãoo e arremesso da bola. A equipe marca pontos quando a bola não é devolvida pelos adversários, ou seja, quando deixa de ser rebatida. Quanto maiores as habilidades dos atletas que compõem as equipes, mais acirradas são as disputas, podendo durar até mais de quarenta minutos.
Histórico: a lenda Pareci conta que o Xikunahity foi criado pela principal entidade mítica da cultura Pareci, o Wazare. Depois de cumprir sua missão de distribuir o povo Pareci por toda a Chapada dos Parecis, Wazare fez uma grande festa de confraternização antes de voltar a seu mundo. Durante a festa, a entidade mítica mostrou a todos a função da cabeça no comando do corpo, e sua capacidade de desenvolver a inteligência e alcançar a plenitude mental e espiritual. Ele também demonstrou que a cabeça poderia ser usada em sua capacidade física, especificamente na habilidade para com o Xikunahity. Foi nesta comemoração que aconteceu a primeira partida deste esporte; ou seja, entrando literalmente de cabeça.
Entre os Pareci, o esporte só é praticado durante grandes cerimônias, como: oferta da primeira colheita das roças, iniciação dos jovens de ambos os sexos, reforma das flautas sagradas, caça, pesca e coleta de frutas silvestres abundantes e a reincorporação de um espírito novo em doentes terminais.
A bola utilizada no jogo é peculiar, pois é de fabricação dos Parecis, feita com a seiva de mangabeira, um tipo de látex. O processo de confecção tem duas etapas: na primeira, a seiva é colhida e colocada sobre uma superfície lisa, onde permanece por certo tempo, até formar uma camada ligeiramente espessa. Na segunda fase faz-se a parte central da bola (núcleo), que inclui o aquecimento da seiva de mangaba em uma panela e resulta em uma película. O látex tem suas extremidades unidas, de modo a formar um saco que será inflado com ar, por meio de um "canudo". Depois, o núcleo ganha formas arredondadas e recebe sucessivas películas de látex, obtidas da primeira etapa, até formar uma bola, secar e resfriar, ganhando consistência suficiente para pular. A bola tem aproximadamente 30 cm de diâmetro.
Desde o seu surgimento, a disputa do Xikunahity envolve apostas. Segundo o administrador regional da Funai de Tangará da Serra/MT, Daniel Cabixi, antigamente as apostas envolviam flechas, armas de guerra, animais de estimação, objetos de uso pessoal, familiares ou coletivos. "Dizem os mais antigos que, além de itens pessoais, as mulheres também eram usadas nas apostas", relata. Hoje, sabonetes, rádios, caixas de fósforos, espingardas, pólvora, enfim, objetos particulares são colocados como prêmios para as disputas. As apostas são feitas discretamente e sem um compromisso explícito, valendo o acordo da palavra. A equipe vencedora, além de ganhar os objetos apostados, recebe um troféu simbólico. As mulheres e crianças não têm participação direta nas equipes que disputam o Xikunahity, pois é um jogo masculino, cabendo a elas a participação na torcida desse esporte. Já entre os Nawenê-Nawês, o esporte só é praticado dentro da festa do Yãkwai, festa espiritual realizada durante seis meses. A primeira apresentação oficial em público do Xikunahity aconteceu durante o II Jogos dos Povos Indígenas, realizados em Guairá, PR, em outubro de 99, pelos Parecis. Hoje, é um esporte de demonstração neste evento. O Povo Enawenê Nawê participou pela primeira nos IV Jogos, realizado em Campo Grande, MS, em outubro de 2001 e apresentou esse esporte com os Parecis.
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Futebol
Prova: esporte já inserido no contexto cultural de vários grupos indígenas, sendo unanimidade nos jogos e praticado por atletas femininos e masculinos. As regras são regidas pela Instrução Geral dos Jogos e obedece ao padrão da Confederação Brasileira de Futebol, exceto o tempo de jogo que é de 50 min, divididos em dois tempos de 25 min cada, com intervalo de 10 min.
Histórico: conforme as tradições culturais desportivas dos povos indígenas no Brasil, há informações de que etnias que desapareceram, praticavam o jogo de bola com os pés. Podemos citar os indígenas habitantes do Alto Xingu, MT, que praticam um esporte semelhante ao futebol, em que a bola é chutada usando somente os joelhos, chamado Katulaiwa, onde a regra se assemelha ao do futebol. Do mesmo modo os Pareci, com o "futebol de cabeça", o Xikunahity. Daí, se considerar que há uma relação tradicional entre os povos indígenas e o esporte com bola. Talvez essa seja a explicação para a semelhança entre indígenas e não indígenas brasileiros: a paixão pelo futebol. Um dos grandes atletas futebolistas e bi-campeão mundial de futebol, chamado Manoel Garrincha era descendente dos indígenas Fulni-ô, de Águas Belas (PE).
O primeiro encontro de indígenas de diferentes etnias para a prática desse esporte, aconteceu no dia 19 de abril de 1979, Dia do Índio. Foi organizada uma seleção indígena de futebol para uma partida amistosa contra a equipe do Centro de Ensino Unificado de Brasília, CEUB. As etnias que integraram a equipe foram Karajás, Terenas, Bakairis, Xavantes e Tuxás. Dessa experiência, nasceu uma equipe de futebol de campo e salão composta por estudantes indígenas, chamada Kurumim.
O futebol tem grande aceitação entre as etnias dos Jogos dos Povos Indígenas. Seguindo os princípios que norteiam a filosofia do evento, é importante ressaltar que nesta modalidade não se propõe consagrar o atleta artilheiro, o goleiro menos vazado ou a defesa mais eficiente. Os Jogos Indígenas destacam o aspecto lúdico da prática desportiva do futebol, tornando o falado fair play uma realidade. Todas as etnias levam representantes para a competição, e apesar da popularidade do esporte as partidas realizadas nos Jogos Indígenas não atraem grande número de espectadores, que preferem assistir às modalidades esportivas tradicionais e as manifestações culturais.
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Arremesso de Lança
Prova: o Arremesso de Lança é uma prova individual realizada apenas pelos homens. Nos Jogos, a contagem dos pontos é feita de acordo com a distância alcançada, ou seja, vence aquele que atingir maior distância. As lanças são cedidas pela Comissão Técnica de Esporte, e fabricadas de maneira tradicional, usando madeira rústica. A adaptação desse armamento, desde os I Jogos, objetiva a distância e não o alvo.
Histórico: várias etnias indígenas conhecem esse armamento, possuindo técnicas diferentes de confecção das lanças. O fabrico de cada lança depende da finalidade a que se destina. Comprimento, ponteiras de ossos, pedras ou mesmo madeiras mais duras, como a arueira ou pau de ferro são avaliados.Na tradição indígena, é usada para caça, pesca (arpão) ou para defesa em um ataque de animal feroz.
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Luta corporal
Prova: as lutas corporais são realizadas por homens e mulheres e o esporte está inserido na cultura tradicional dos povos que o praticam: os povos indígenas Xinguanos, Bakairis os Huka Hukas e os Xavantes, de Mato Grosso. Os Gaviões Kyikatêjê/Parakatêyes, do Pará praticam o Aipenkuit e os Karajás praticam o Idjassú. Esse esporte foi inserido nos Jogos desde a primeira edição, como apresentação. O desejo de se realizar uma competição de lutas corporais nos Jogos é grande, mas é muito improvável devido à grande diversidade de estilos de luta e técnica. Algumas etnias lutam em pé, outras ajoelhadas no chão, como o Huka Huka. Por isso, fazem-se apenas demonstrações das lutas existentes na cultura indígena brasileira.
Histórico: a luta corporal dos povos indígenas do Xingu e dos índios Bakairis, de Mato Grosso, o Huka Huka, inicia com os atletas ajoelhados.
Começa quando o dono da luta, um homem chefe, caminha até o centro da arena de luta e chama os adversários pelo nome. Os lutadores se ajoelham girando em circulo anti-horário frente ao oponente, até se entreolharem e se agarrarem, tentando levantar o adversário e derrubá-lo ao chão. Os Karajá do Tocantins já possuem outro estilo, pois os atletas iniciam a luta em pé, se agarrando pela cintura, até que um consiga derrubar o outro ao chão. O atleta vencedor abre os braços e dança em volta do oponente, cantando e imitando uma ave. Os Gaviões Parakateyês, PA, e os Tapirapés e Xavantes de Mato Grosso, têm uma certa semelhança no desenvolvimento das lutas com os Karajá. Não existe um juiz tradicional para essa modalidade, e sim um observado/orientador indígena que seria chamado de dono da luta, cabendo aos atletas, reconhecer a derrota, vitória ou empate. Não há prêmio para o vencedor da luta em todas etnias praticante deste esporte. Há reconhecimento e respeito por toda a comunidade.
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Natação
Prova: esse esporte foi introduzido desde os I Jogos em Goiânia em 1996. Haveria duas modalidades: A realizada na piscina para testar a velocidade dos atletas indígenas, e uma mais longa, de resistência, realizada em águas abertas. No entanto a prova em piscina não obedecia aos objetivos do evento, sendo realizada mais uma vez nos II Jogos na cidade Guairá; PR em 1999. Atualmente a prova de meia distancia e resistência, realizada em águas abertas, que está dentro do contexto indígena, é praticada por atletas femininos e masculinos.
Histórico: a relação de vida dos povos indígenas estará sempre associada a água. A primeira hora da vida de um bebê indígena começa com o seu primeiro mergulho; em um rio ou lago por sua mãe.
Grande parte da recreação das crianças é realizada dentro d`água, atravessando de uma margem a outra ou mesmo mergulhando, se preparando para serem grandes caçadores de peixes. Um dos rituais realizado pelos Xavantes de Mato Grosso dentro de um rio, é quando da preparação dos adolescentes para a furação da orelha, que é oxoxoxo, em que um grupo permanece mergulhado até a altura do peito e nesse período, batem simultaneamente os braços, realizando uma coreografia aquática. Eles acreditam que assim haverá o amolecimento da lóbulo auricular, facilitando a furação.
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Zarabatana
Prova: é uma demonstração individual realizada pelas etnias Matis e Kokamas. Na apresentação se posiciona, a 20 ou 30 m do alvo adaptado, uma melancia pendurada em um tripé. A prova consiste em atingir o alvo o maior número de vezes possível.
Histórico: é uma arma artesanal, semelhante a um cano longo, com aproximadamente 2,5 m de comprimento, feito de madeira, com um orifício onde se introduz uma pequena seta, de aproximadamente 15 cm. É uma arma muito utilizada pelos índios amazônicos para caçar animais e aves, por ser silenciosa e precisa. Os povos Matís, Zuruahas e Kokamas a utilizam. Os Matis e Zuruahas têm pouco contato com o não índios, sendo que os primeiros, menos de vinte anos.
Habitam a região do Vale do Javari, fronteira com Peru e Colômbia, no Amazonas, e também são conhecidos como os "Caras de onça", por usarem adereços faciais inspirados nesse animal.
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Rõkrã
Jogo coletivo tradicional praticado pelo povo Kayapó do Estado do Pará. Jogado em um campo de tamanho semelhante ao do futebol. Se desenvolve entre duas equipes de 10 ou mais atletas de cada lado, onde todos usam uma espécie de borduna (bastão), cujo objetivo é rebater uma pequena bola (coco) que ao ultrapassar a linha de fundo de seu oponente, marca um ponto. De acordo com informações dos kayapós, esse esporte já não estava mais sendo praticado devido a sua violência que causava graves contusões nos competidores. Essa modalidade tem muita semelhança com um dos esportes mais populares do Canadá, o Lacrosse, coincidentemente considerado de origem indígena daquele país.
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